As religiões africanas e o cristianismo

VIEW:986 DATA:2024-05-14

Quando vamos ao passado da crença dos povos africanos, observamos que havia a existência de um Deus, que não era representado, pois não tinha semelhanças físicas. Esse Deus era transcendente e imanente. Nos relatos históricos, havia uma hierarquia de espíritos, os chamados espíritos ancestrais. Esses espíritos ancestrais podiam ajudar ou castigar, eles possuíam cultos, e sacerdotes. Alguns dos espíritos estavam ligados ao ambiente, e os ambientes eram receptáculos para estes espíritos que foram designados de deuses. Com as guerras tribais, os dominados eram costumeiramente obrigados a aceitar a divindade dos espíritos dos dominadores. Isso levou a religião africana a ser adaptativa à comunidade a que pertencem. Assim tendo nos primórdios da religião africana, divindades ligadas à feitiçaria e bruxaria para atuação destrutiva. Com a característica adaptativa essas divindades são modificadas no decorrer do tempo para se alterar da melhor forma para a comunidade. Com esse princípio as religiões de base africana não tem problemas com a comunidade e nem com as pessoas que as seguem, pois ela tende a se adaptar a comunidade e as pessoas, não possuindo um livro ou documentos que fixam a religião, elas podem ser modificadas, de acordo com a os gostos das comunidades. Diferentemente o cristianismo em seu sistema mais abrangente, está alicerçado em documentos antigos, em hebraico ou em grego, que gera princípios de imutabilidade, normas não alteráveis, buscando alterar a comunidade ao fundamento histórico da religião. Enquanto que os conceitos históricos da religiões africanas tendem alterar o fundamento das comunidades. Um dos parâmetros primordiais da religião cristã está vinculado em um verso bíblico que cita, "Não terás outros deuses diante de mim". Dessa forma qualquer religião que tenha outro Deus é considerado errado. Enquanto que no conceito histórico africano, os deuses vão sendo agregados à cultura religiosa. Nesse ponto podemos analisar dois conceitos, o primeiro é que a sociedade no seu geral tende a ser transformada, ou seja, pensamentos antes condenáveis agora podem ser liberados, e pensamentos anteriormente liberados podem ser condenáveis. Na religião baseada no conceito africano, ele consegue se adaptar a estas transformações, por não ser fixa em um fundamento imutável. Já no conceito cristão, os fundamentos não podem ser alterados, mesmo a sociedade se alterando. E assim a sociedade gerencia mecanismos para ir contra a religiões ditas fundamentalistas. Enquanto uma religião que se adapta a sociedade é mais aceita pela sociedade, a crença em si perde de fato um significado racional. A ideia da existência de divindade é a característica básica de que a divindade determina caminhos para os seres possam seguir um caminho além do conhecimento humano. Mas se a divindade se adapta aos sistemas sociais, ocorre o contrário, a divindade que tem que aprender o caminho humano. Assim, o que temos é que em religiões que se adaptam ao indivíduo, temos o antropocentrismo como dominação, e um teocentrismo meramente de fachada. Uma boa leitura da história, e podemos observar que a sociedade, imbuída de seus poderes dominantes acabam subjugando, prendendo ou matando pessoas que seguem sua religião, se esta for contrária ao sistema social dominante. Assim, quando pessoas são condenadas por prisão, ou redução de liberdade por pensarem diferente de outras, então, temos o conceito de uma sociedade dominante tendenciosa. Notadamente, quando pensar diferente é fator para condenação física, essa sociedade deixa de ter o pensamento livre, e se dirige a uma obrigação de um pensamento institucionalizado pela força dominante.

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