Criamos Deus ou Deus nos criou?

VIEW:417 DATA:2021-09-01

A maior busca da sociedade moderna, é definir que nós criamos Deus. Mas seria isso de fato verdade?
Suponha um grego, e este grego esteja andando e depare com um trovão. Após um tempo ele desenvolva a idéia de que o trovão provém de um deus, e o chame de Zeus.
Então, Zeus foi criado ou Zeus criou?
Para que o homem crie, ele necessita de gerar uma ideia, e construir mediante coisas que ele conhece. É necessário conhecer ferramentas, para criar outras ferramentas fundamentadas no conhecimento.
Nesse caso se está criando. Mas não se cria algo daquilo que não se conhece, que nunca foi visto.
Um egípcio não irá criar um celular, pois desconhece os efeitos dos sistemas eletromagnéticos. Mas então Deus foi criado ou criou?
Para tal voltemos ao grego que desenvolveu a ideia de Zeus.
No exato momento em que ele sente o efeito do trovão, não existe planejamento, não existe criação, existe meramente o efeito inesperado de uma ação sobre seus sentidos.
Nesse momento o sistema humano tenta buscar uma solução ou mecanismo, seja para preservar a vida, seja para entender o ocorrido.
Mas o homem criou o ocorrido ou o que aconteceu foi independente do homem?
Veja que o homem cria no momento, que baseia seus conhecimentos, não no inesperado. O homem não desenvolveu um conceito criativo, pois não estava planejando o acontecimento.
Alguém cria sobre aquilo que não espera e que não viu? Não, não se pode criar aquilo que não se espera. A criação envolve imaginar algo, baseado em algo que se tenha vivido e experimentado, mesmo que seja imaginativo.
Assim, o homem não pode criar o inesperado. O inesperado se apresenta ao homem. Dessa forma, o inesperado no principio básico é o Deus não criado pelo homem.
O fundamento do inesperado, é a não produção humana sobre o que existe. As coisas existem sem que o homem as crie. Quando o homem faz sua criação, ele necessita ordem mental para supor ou sonhar, mediante coisas vividas, aquilo que ele cria.
A vida humana é uma sucessão de inesperados, momentos não vividos, e acontecimentos não acontecidos. Nestes fatos, o homem não cria, ele apenas sente, e depois de seus sentidos serem afetados, ele desenvolve pensamentos e imaginações sobre o que sentiu.
Novamente o homem não criou o inesperado, ele cria o imaginativo, que na sua mente é o esperado.
Assim, Deus não criado, é a sucessão de inesperados, e o deus que o homem cria é, definido como previsível.
Assim, com a existência do inesperado podemos ter certeza da existência de Deus, uma entidade existente fora da mente humana. Visto que a mente humana não trabalha com o que desconhece.
Dessa forma, quanto mais próximo estamos de algo ligado aos efeitos independentes do homem, mais próximo estamos do Deus não criado pelo homem. E quanto mais estamos ligados a imaginação humana, mais estamos ligados ao deus criado pelo homem.
Assim, podemos dizer que existem diversos livros, ou textos, e até mesmo imaginações singulares que gerenciam a ideia de deus.
Quanto mais perto tais conceitos estiverem de conceitos livres de imaginações humanas, mais estes escritos ou pensamentos estarão no Deus incriado.
Dirigindo um automóvel, sabemos de diversos cuidados que devemos ter, para não ocasionar acidentes, e gerar sofrimento. Tais fundamentos estão ligados ao caminho do Deus incriado.
Mas quando um indivíduo está alcoolizado, sua imaginação supera a razão, e imagina ser capaz de fazer coisas que podem acabar gerando acidentes e sofrimentos. Tais fundamentos estão ligados ao caminho do deus criado pelo homem.
Para que o homem pudesse conhecer realmente o Deus incriado, ele teria que ter a capacidade de conhecer o inesperado, mas o conhecimento do inesperado, faz com que o inesperado se torne esperado. Assim, aquele que conhece o inesperado, conhece o fim desde o princípio, e assim tal ser se tornou Deus incriado.
Dessa forma, o homem não consegue conhecer o inesperado, antes de que o inesperado ocorra. E no momento que ocorre, então se torna um fato conhecido, e a partir dali, o homem cria imaginações sobre o fato vivido.
Dessa forma, o homem nunca conhecerá corretamente o Deus incriado, mas pode buscar caminhos para chegar o mais próximo possível desse conhecimento.
Assim, se um indivíduo considerar que não pode chegar ao conhecimento completo do Deus incriado, ele, normalmente desiste de buscar a sua existência, ou ainda define que Deus não existe.
Para aquele que define que Deus não existe, é necessário que defina que o inesperado não existe. Para que possa definir tal coisa, é necessário que o indivíduo oblitere os conceitos lógicos.
Dessa forma, a lógica define a existência de fatos inesperados, e estes inesperados, definem um sistema não criado pelo homem, e assim o que não foi criado pelo homem, é o Deus incriado.
Dessa forma, podemos claramente idealizar que Deus nos criou, pois não podemos criar a nós mesmos. Caso um ser humano criasse a si mesmo, ele não seria ele mesmo, pois seria conhecedor antecipado de si mesmo, e assim teria conhecimento infinito sobre si mesmo, o que tornaria o homem onisciente, deixando de ser homem, e sendo conhecedor antecipado do inesperado.
Assim, não criamos a Deus, e sim Deus nos criou. Mas esse Deus que nos criou, não é o deus que o homem produz por suas imaginações. Dessa forma, para tentar conhecer o Deus incriado, deve buscar tentar ser independente da vontade humana.
 

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