Ciência do Bom Viver


 


Um Milagre   

O dia inteiro o povo se havia aglomerado em volta de Cristo e dos discípulos, enquanto Ele ensinava à beira-mar. Haviam escutado Suas graciosas palavras, tão simples e tão claras, que eram como o bálsamo de Gileade para sua alma. A cura, de Sua divina mão, trouxera saúde ao enfermo e vida ao moribundo. O dia se lhes afigurara como o Céu na Terra, e haviam ficado inconscientes do tempo que estavam sem comer.
    O Sol imergia no ocidente, e o povo ainda permanecia ali. Por fim, os discípulos foram falar com Cristo, insistindo que, por amor dela mesma, a multidão devia ser despedida. Muitos tinham vindo de longe, e nada haviam comido desde cedo. Nas cidades e aldeias vizinhas, poderiam encontrar algum alimento. Mas Jesus lhes disse: "Dai-lhes vós de comer." Mat. 14:16. Depois, voltando-Se para Filipe, perguntou: "Onde compraremos pão, para estes comerem?" João 6:5.
    Filipe olhou para o mar de cabeças e pensou como seria impossível prover comida para tão grande ajuntamento. Respondeu que não bastariam duzentas moedas de prata para que cada um tivesse um pouco de pão.
    Jesus indagou a quantidade de comida que se poderia encontrar entre a multidão. "Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos", disse André; "mas que é isso para tantos?" João 6:9. Jesus ordenou que os mesmos Lhe fossem levados. Depois pediu que os discípulos fizessem o povo sentar na relva. Feito isso, tomou a comida, "e erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos, à multidão. E comeram todos e saciaram-se, e levantaram dos pedaços que sobejaram doze cestos cheios." Mat. 14:19 e 20.
    Foi por um milagre do divino poder que Cristo alimentou a multidão; todavia, quão humilde foi o mantimento provido - unicamente os peixes e os pães de cevada que eram o sustento diário dos pescadores da Galiléia.

Lição de Simplicidade
    Cristo poderia haver proporcionado ao povo uma rica refeição, mas comida preparada meramente para satisfação do apetite não lhes teria transmitido nenhuma lição para seu benefício. Por meio desse milagre, Cristo desejava ensinar uma lição de simplicidade. Se os homens de hoje fossem de hábitos simples, vivendo em harmonia com as leis da natureza, como viviam Adão e Eva, no princípio, haveria abundante provisão para as necessidades da família humana. Mas o egoísmo e a condescendência com o apetite trouxeram pecado e miséria, por excesso de um lado, e do outro por escassez.
    Jesus não procurava atrair o povo a Si pela satisfação do desejo de luxos. Para aquela grande multidão, fatigada e faminta depois do longo e agitado dia, a simples refeição era garantia de Seu poder, ao mesmo tempo que de Seu terno cuidado por eles nas necessidades comuns da vida. O Salvador não prometeu aos Seus seguidores os luxos do mundo; a sorte deles poderá ser limitada à pobreza; mas Sua palavra está  empenhada quanto à satisfação de suas necessidades, e Ele prometeu o que é melhor que bens terrenos - o permanente conforto de Sua presença.
    Depois de a multidão haver sido alimentada, restou ainda abundância de comida. Jesus ordenou aos discípulos: "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca." João 6:12. Essas palavras queriam dizer mais que pôr o alimento em cestos. Era uma lição dupla. Coisa alguma se deve desperdiçar. Não devemos deixar-se perder nenhuma vantagem temporal. Nada deveríamos negligenciar capaz de beneficiar uma criatura humana. Junte-se tudo quanto possa aliviar as necessidades dos famintos da Terra. Com o mesmo cuidado nos cumpre entesourar o pão do Céu para satisfazer as necessidades da alma. Por toda palavra de Deus havemos de viver. Não se deve perder coisa alguma do que Deus tem falado. Nem uma palavra referente a nossa salvação eterna devemos negligenciar. Nem uma palavra deve cair inutilmente em terra.
        O milagre dos pães ensina confiança em Deus. Quando Cristo alimentou os cinco mil, a comida não estava à mão. Aparentemente Ele não tinha meios ao Seu dispor. Ali estava, com cinco mil homens, além de mulheres e crianças, num lugar deserto. Não convidara a multidão a segui-Lo ali. Ansiosos de estar em Sua presença, tinham ido sem ordem ou convite; mas Ele sabia que, depois de escutar o dia todo Suas instruções, estavam com fome e desfalecidos. Achavam-se longe de casa, e a noite estava prestes a chegar. Muitos deles estavam sem recursos para comprar comida. Aquele que por amor deles jejuara quarenta dias no deserto não permitiria que voltassem em jejum para casa.
    A providência de Deus colocara Jesus na situação em que Se encontrava; e Ele confiou em Seu Pai celeste quanto aos meios para auxiliar os necessitados. Quando somos levados a situações críticas, devemos confiar em Deus. Em toda emergência devemos buscar auxílio dAquele que tem à Sua disposição ilimitados recursos.
    Nesse milagre, Cristo recebeu do Pai; transmitiu aos discípulos, estes ao povo, e o povo uns aos outros. Assim todos quantos se acham unidos com Cristo receberão dEle o pão da vida e o transmitirão a outros. Seus discípulos são o instrumento designado para comunicação entre Cristo e o povo.
    Quando os discípulos ouviram a ordem do Salvador: "Dai-lhes vós de comer", todas as dificuldades lhes surgiram na mente. Perguntaram: "Iremos nós e compraremos?" Mas que disse Cristo? "Dai-lhes vós de comer." Mar. 6:37. Os discípulos levaram a Jesus tudo quanto tinham; mas Ele não os convidou a comer. Pediu-lhes que servissem o povo. A comida se multiplicou em Suas mãos, e as mãos dos discípulos, estendendo-se para Cristo, nunca ficavam vazias. A pequenina provisão foi suficiente para todos. Quando a multidão tinha sido alimentada, os discípulos comeram com Jesus da preciosa comida proporcionada pelo Céu.
     Ao vermos as necessidades dos pobres, dos ignorantes, dos aflitos, quantas vezes nosso coração desfalece! Perguntamos: "Que vale a nossa fraca força, quanto valem nossos escassos recursos, para suprir essa grande necessidade? Não esperaremos por uma pessoa de mais capacidade para dirigir a obra, ou por alguma organização para empreendê-la?" Cristo diz: "Dai-lhes vós de comer." Empregai os meios, o tempo, as aptidões que possuís. Levai a Jesus vossos pães de cevada.
    Conquanto vossos recursos talvez não sejam suficientes para alimentar milhares, poderão bastar para dar de comer a um. Nas mãos de Cristo poderão alimentar a muitos. Como os discípulos, dai o que tendes. Cristo multiplicará a dádiva.  Recompensará a sincera e simples confiança nEle. Aquilo que parece apenas uma escassa provisão se demonstrará um abundante banquete.
    "O que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará. ... Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra, conforme está escrito: "Espalhou, deu aos pobres, a Sua justiça permanece para sempre. Ora, Aquele que dá a semente ao que semeia e pão para comer também multiplicará a vossa sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça; para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência." II Cor. 9:6, 8-11.
 

O Salvador considera com infinita ternura as almas que Ele comprou com Seu sangue. São a reivindicação de Seu amor. Ele as olha com inexprimível anelo. Seu coração se dilata, não somente para as mais bem-educadas e mais atrativas crianças, mas para as que, por herança ou negligência, têm objetáveis traços de caráter. Muitos pais não compreendem quão responsáveis são por esses traços em seus filhos. Não possuem a ternura e a sabedoria necessárias para lidar com os faltosos a quem eles próprios fizeram o que são. Mas Jesus olha a essas crianças com piedade. Parte da causa para o efeito.


    Quando Cristo enviou os doze discípulos em sua primeira viagem missionária, ordenou-lhes: "Indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai." Mat. 10:7 e 8.
    Aos setenta enviados mais tarde, Ele disse: "Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, ... curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus." Luc. 10:8 e 9. A presença e o poder de Cristo estava com eles, "e voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo Teu nome, até os demônios se nos sujeitam". Luc. 10:17.
    Depois da ascensão de Cristo, foi continuada a mesma obra. As cenas de Seu próprio ministério foram repetidas. "Das cidades circunvizinhas" vinha uma multidão "a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados." Atos 5:16.
    E os discípulos, "tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor". Mar. 16:20. "Descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, ... pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, ... e e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade." Atos 8:5-8.




    No ministério da cura, o médico tem de ser um cooperador de Cristo. O Salvador assistia tanto à alma como ao corpo. O evangelho por Ele pregado era uma mensagem de vida espiritual e de restauração física. O libertamento do pecado e a cura da doença estavam ligados entre si. O mesmo ministério é confiado ao médico cristão. Ele deve se unir a Cristo no aliviar tanto as necessidades físicas como as espirituais de seus semelhantes. Cumpre-lhe ser para o enfermo um mensageiro de misericórdia, levando-lhe um remédio ao corpo doente e à alma enferma de pecado.
    Cristo é a verdadeira cabeça da profissão médica. O Médico-chefe acha-Se ao lado de todo clínico que trabalha para aliviar os sofrimentos humanos. Ao mesmo tempo que emprega remédios naturais para a doença física, o médico deve encaminhar seus doentes Àquele que pode aliviar tanto os males da alma como os do corpo. Aquilo que os médicos só podem ajudar a fazer é realizado por Cristo. Eles se esforçam por auxiliar a operação da natureza na cura; quem cura é o próprio Cristo. O médico busca conservar a vida; Jesus a comunica.

 

    Lucas, o autor do evangelho que tem seu nome, era médico-missionário. Ele é, nas Escrituras, chamado "o médico amado". Col. 4:14. O apóstolo Paulo ouviu falar de sua habilidade como médico, e procurou-o como a alguém a quem o Senhor havia confiado uma obra especial. Obteve sua cooperação, e por algum tempo Lucas o acompanhou em suas viagens de um lugar para outro. Depois de certo tempo, Paulo deixou Lucas em Filipos, na Macedônia. Ali continuou ele a trabalhar por vários anos, tanto como médico, como na qualidade de ensinador do evangelho. Em sua obra médica, ministrava aos enfermos, e orava então para que o poder restaurador de Deus repousasse sobre os aflitos. Assim era o caminho aberto para a mensagem evangélica. O êxito de Lucas como médico conseguiu-lhe muitas oportunidades para pregar a Cristo entre os gentios. É o plano divino que trabalhemos como os discípulos fizeram. A cura física está ligada à incumbência evangélica. Na obra do evangelho, o ensino e a cura nunca se devem separar.
    Era a tarefa dos discípulos disseminar o conhecimento do evangelho. Foi-lhes confiada a obra da proclamação, a todo o mundo, das boas novas que Cristo trouxe aos homens. Essa obra, eles a realizaram pelo povo de seu tempo. A toda nação debaixo do céu foi levado o evangelho, numa única geração.
    O dar o evangelho ao mundo é a obra que Deus confiou aos que professam Seu nome. Para o pecado e a miséria do mundo, é o evangelho o único antídoto. Tornar conhecida a toda a humanidade a mensagem da graça de Deus, eis a primeira obra dos que lhe conhecem o poder restaurador.

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