Até hoje, séculos depois de sua construção, os castelos medievais ingleses demonstram sua majestade, seu poder, e a riqueza dos nobres que os construíram. Pelo fim do século XII os castelos de pedra tornaram-se mais elaborados, não só pelos avanços técnicos e pelas necessidades militares como também pela obsessão de certos nobres em construir fortalezas que refletissem seus sonhos de poder. Os castelos de Eduardo I foram construídos como avançadas máquinas militares, destinadas a assegurar seu domínio sobre o território conquistado, mas também serviam para reforçar seu status de soberano rico e poderoso. Todos os reis da dinastia Angevin, Henrique II, Ricardo I, John e Henrique III, gastaram milhares de libras em seus castelos, perseguindo uma reputação de homens de incomparável autoridade e prosperidade. Não deixa de ser surpreendente que a dinastia Angevin tenha gasto somas tão fabulosas nestas construções, já que seus recursos financeiros não eram, sabidamente, dos mais extraordinários. Na verdade, seus projetos só foram realizados por sua capacidade de convencer seus vassalos a financiá-los, com promessas de ampliação de territórios e pilhagem.

Construção de um castelo Construir um castelo do tipo Eduardiano era uma tarefa que exigia um alto nível de organização, demandando enormes quantidades de material, mão-de-obra, tempo e dinheiro. A pedra era extraída de um local o mais próximo possível do sítio de construção, mas tipos especiais de rocha, utilizados em funções decorativas, às vezes eram trazidos de locais distantes, encarecendo bastante o projeto. Além disso, embora a madeira tivesse um papel secundário na estrutura de um castelo (era usada geralmente como acabamento, no piso, teto e para a estrutura do telhado) , era gasta em grandes quantidades durante a construção, em andaimes, suportes, e como lenha, e sua extração e transporte era um componente significativo do orçamento. Outros materiais de alto custo incluíam o chumbo (para o telhado), ferro e estanho, que inicialmente eram extraídos de minas na Inglaterra, e posteriormente no próprio país de Gales.

Os muros do castelo eram construídos de forma que as paredes externa e interna fossem preenchidas com entulho, para diminuir os custos e facilitar a construção. As partes mais complexas do projeto eram as torres e as casas da guarda, com suas partes móveis de ferro e madeira. A primeira parte a ser construída era sempre a muralha principal do castelo, para propiciar um mínimo de defesa aos trabalhadores na eventualidade de algum ataque. A parte final eram os aposentos do senhor e sua família, que requeriam o uso de materiais mais nobres e um acabamento mais esmerado. Estes materiais incluíam tecidos, madeiras raras e no caso dos senhores mais ricos, materiais especiais como o vidro, usado nos aposentos senhoriais e nos vitrais de igrejas e capelas.

Geralmente, a construção de um castelo não terminava com a conclusão do projeto inicial. Como se tratava de uma estrutura militar de alto custo, a maioria dos castelos era aperfeiçoada com o tempo, e os castelos mais importantes modificavam-se bastante com o passar das décadas. Abaixo você poderá acompanhar a evolução da forma do castelo de Chepstow. Observe o aumento da complexidade e do número de muralhas e estruturas defensivas.

Castelo de Chepstow (1067-1075)Castelo de Chepstow (1067-1075)

Castelo de Chepstow (por volta de 1200)Castelo de Chepstow (por volta de 1200)

Castelo de Chepstow (1219-1245)Castelo de Chepstow (1219-1245)

Castelo de Chepstow (1270-1300)Castelo de Chepstow (1270-1300)

Conforme podemos observar pelas ilustrações acima, as novas tecnologias eram incorporadas aos castelos com o passar dos anos, pois era bem mais barato atualizar um castelo já existente do que abandoná-lo e construir outro num local próximo.

Durante a construção, os custos com a mão-de-obra podiam tornar-se exorbitantes, pois havia necessidade de trabalhadores e artesãos altamente especializados na construção de um castelo de pedra. Especialistas eram convocados de todas as partes do reino, incluindo mestres pedreiros, mestres de cantaria, lenhadores, ferreiros, mineiros, escavadores, carpinteiros e marceneiros. Em algumas construções, havia mais de dois mil homens trabalhando, sob diversas formas de contrato. Uma carta de Mestre James de St George, o arquiteto de Eduardo I, nos fornece uma idéia precisa das dificuldades envolvidas na construção de um castelo.

O pagamento semanal destes trabalhadores variava desde quatro shillings para o especializado mestre pedreiro até a irrisória quantia de seis pence paga a mulheres que trabalhavam em funções como carregar água. James de St George ganhava dois shillings por dia, mais uma quantia devida por seu trabalho como guarda do castelo de Harlech. Pelos padrões atuais, estas quantias parecem mínimas, mas significavam um valor razoável na época, permitindo a Mestre James uma vida bastante confortável.

Em vista de tal complexidade, um castelo de pedra demandava um bom tempo para a sua construção. Para complicar, a maior parte do trabalho só podia ser feita entre abril e novembro, pois no resto do ano o frio e a neve impediam qualquer atividade. A média de construção era de três metros de altura por ano. O castelo de Henrique II em Oxford, por exemplo, levou oito anos para ser concluído, enquanto o sólido castelo de Dover requereu dez anos de trabalho. Em compensação, Mestre James costumava gastar somente cinco ou sete anos para construir seus castelos mais sofisticados, à exceção de Beuamaris, que nunca foi terminado, e Caernarfon, cuja construção demorou inacreditáveis quarenta e cinco anos. Considerando-se todos os problemas acima mencionados, o clima, a grande quantidade de material necessária e a limitada disponibilidade de mão-de-obra especializada, dinheiro e os baixos salários pagos, é realmente surpreendente que tantos destes castelos tenham sido concluídos.

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