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Gilgamesh chora a morte de Enkidu

A epopéia narra os feitos do famoso rei Gilgamesh. Seu nome consta como o quinto monarca da primeira dinastia pós-diluviana de Uruk, tendo reinado por 126 anos. Foi comprovado arqueologicamente a sua existência. Um homem, um rei, chamado Gilgamesh, viveu e reinou em Uruk, em alguma época da primeira metade do 3ª milênio antes de Cristo. Entre suas principais façanhas estava a destruição das muralhas da cidade de Uruk, que haviam sido construídas pelo próprio Gilgamesh.

O herói é descrito como dois terços deus e um terço homem, pois sua mãe era uma deusa. Dela, Gilgamesh herdou grande beleza, força e inquietude. De seu pai herdou a mortalidade. A tragédia do poema é o conflito entre os desejos do deus e o destino do homem.

O primeiro episódio descreve como os deuses arranjam-lhe um companheiro que é o seu oposto. Trata-se de Enkidu, o "homem natural" criado entre os animais selvagens e rápido como uma gazela. Enkidu é seduzido por uma mulher e a perda da inocência representa um passo irreversível para a domesticação de seu espírito selvagem. Gradualmente, ele se deixa civilizar até chegar à grande cidade de Uruk. A partir de então, ele só torna a pensar em sua antiga vida de liberdade quando está morrendo, dominado por um sentimento de dor e arrependimento. Essa história é também uma alegoria dos estágios por meio dos quais o homem atinge a civilização, partindo da selvageria, passando pelo pastoreio, até finalmente chegar à vida urbana.

A grande amizade entre Gilgamesh e Enkidu, que tem início com uma luta corpo a corpo em Uruk, é o elo que liga todos os episódios da história. À Enkidu quem traz notícias sobre a misteriosa floresta de cedros e seu terrível sentinela, Hubamba. Esse é o tema do segundo episódio: dois heróis partem em busca da montanha e dos cedros, mas terão o desafio de enfrentar o gigante Hubamba, guardião da floresta.

A jornada na floresta e a batalha daí resultante podem ser lidas em diferentes planos da realidade. A floresta é real, algumas vezes identificada com o norte da Síria ou sudoeste da Pérsia. Mas também é a representação de muitos poderes sobrenaturais e o cenário de estranhas aventuras. À ainda a obscura floresta da alma.

A necessidade que as cidades tinham de madeira é a razão de todo o empreendimento. Gilgamesh desejava ostentar o seu poder e ambição, construindo templos e grandes muralhas. O arriscado empreendimento necessitava de proteção divina e é Shamsh, o deus-Sol , quem a concede.

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A FONTE HISTÓRICA

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Relevo do rei GilgameshÀ provável que o épico de Gilgamesh tenha sido escrito nos primeiros séculos do 2ª milênio a.C., mas que tenha sido composto e recitado oralmente muito antes de registros escritos. Parece que todos os elementos da história existiam como poemas separados na literatura suméria mais antiga. O texto definitivo e a edição mais completa da epopéia vem do século VII a.C., da biblioteca de Assurbanipal, último dos grandes reis do Império Assírio.

As tábuas foram descobertas em meados do século XIX quando, embora os métodos e os objetivos não fossem tão estritamente científicos como hoje, as dificuldades e os perigos eram maiores e os resultados causavam maior impacto. Austen Henry Layard encontrou em 1839, a biblioteca soterrada em Nínive e o trabalho de decifração começou logo depois por Henry Rawlinson. Um total de 30 a 40 mil tábuas foram encontradas e distribuídas entre museus na Filadélfia e Istambul. Em um pequeno grupo dessas tábuas encontram-se as versões mais antigas do ciclo de Gilgamesh na língua suméria.

A epopéia de Gilgamesh deve ter sido bastante conhecida no 2ª milênio a.C., pois encontraram-se versões hititas, acadianas, indo-européias e na língua hurrita. Foram encontradas partes da Epopéia na Turquia e na Palestina, o que sugere que os autores bíblicos estivessem familiarizados com a história. Da literatura suméria, sobreviveram cinco poemas relacionados ao ciclo Gilgamesh. Uma grande parte do poema "Gilgamesh, Enkidu e o Mundo Inferior" foi traduzida e acrescentada à epopéia assíria.

Embora os deuses desempenhem papéis importantes no épico, não há indício de que fosse recitada em rituais religiosos. Gilgamesh é uma narrativa secular, dividida em episódios que cobrem os eventos mais importantes da vida do herói. Os poemas não atribuem a Gilgamesh um nascimento fantástico ou lendas de infância. Quando a história começa, ele já é um homem maduro e supera todos os outros em beleza, força e nos desejos insatisfeitos de um semi-deus.

Dentre as primeiras obras literárias sumérias, os poemas de Enmerkar se assemelham às narrativas de disputa e debate argumentativo. Sobre a de Lugulbanda, não se traduziu o suficiente para julgar até que ponto o estilo é épico ou heróico. O restante dos poemas sumérios são hinos e lamentos dirigidos aos deuses.

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