OFERTAS PACÍFICAS

A

palavra hebraica traduzida por "oferta pací­fica" vem de raiz de uma palavra que significa "completar, suprir o que está faltando, pagar uma recompensa". Denota um estado em que os mal-entendidos foram esclarecidos e os erros, corrigidos, e em que prevalecem os bons sentimentos. As ofertas pací­ficas eram suadas em qualquer ocasião que apelasse à gratidão e regozijo, e também para fazer um voto. Eram ofertas de cheiro suave, como holocausto de manjares. Eram uma expressão, da parte do ofertante, de sua paz com Deus e gratidão a Ele por Suas muitas bênçãos.

Ao escolher uma oferta pací­fica, o ofertante não era limitado na escolha. Podia usar um bezerro, uma ovelha, um cordeiro ou uma cabra, macho ou fêmea. Comumente, o sacrifí­cio tinha de ser "sem mancha". Lev. 22:21; 3:1-17. Quando, porém, a oferta pací­fica era apresentada como oferta voluntária, não precisava ser perfeita. Podia ser usada mesmo que fosse "boi, ou gado miúdo, comprido ou curto de membros". Lev. 22:23. Como no caso do holocausto, o ofertante devia pôr as mãos sobre a cabeça do sacrifí­cio e degola-lo à porta do tabernáculo. O sangue era então espargido sobre o altar, em roda, pelo sacerdote. Lev. 3:2. Depois, a gordura era queimada: "Manjar é da oferta queimada ao Senhor". Vers. 11. "Toda a gordura será do Senhor. Estatuto perpétuo será nas vossas gerações, em todas as vossas habitações: nenhuma gordura nem sangue algum comereis". Vers. 16 e 17.

As ofertas pací­ficas eram de três espécies: ofertas de gratidão, ofertas por um voto e ofertas voluntárias. Dessas, a oferta de gratidão ou de louvor era a que mais se destacava. Oferecia-se em ocasiões de regozijo, de gratidão por algum livramento especial, ou bênção recebida. Era oferecida de um coração cheio de louvor a Deus e transbordante de alegria.

As ofertas por pecados e ofensas suplicavam favores a Deus.

 

Rogavam o perdão. As ofertas queimadas eram oferecidas como dedicação e consagração da parte do ofertante. Nas ofertas de manjares, a pessoa reconhecia sua dependência de Deus, em todas as necessidades temporais, e sua aceitação da responsabilidade da mordomia. As ofertas pací­ficas eram de louvor por graças recebidas, ofertas de gratidão pelas bênçãos desfrutadas, ofertas voluntárias, de um coração transbordante. Não suplicavam nenhum favor; tributavam louvor a Deus pelo que Ele havia feito, e exaltavam o Seu nome por Sua bondade e misericórdia para com os filhos dos homens.

As ofertas do Antigo Testamento incluí­am orações. Combinavam a fé e as obras, a oração e a fé. Em sua totalidade, expressavam a completa relação do homem para com Deus e sua necessidade dEle. As ofertas pací­ficas eram ofertas de comunhão. Os holocaustos eram totalmente queimados sobre o altar; as ofertas pelo pecado, ou eram queimadas fora do arraial ou comidas pelo sacerdote, mas as ofertas pací­ficas não eram simplesmente divididas entre Deus e o sacerdote; uma parte, a maior, era dada ao ofertante e sua famí­lia. A parte de Deus era queimada sobre o altar. Lev. 3:14-17. O sacerdote recebia o peito movido e a espádua alçada. Lev.7:33 e 34. O resto pertencia ao ofertante, que podia convidar a qualquer pessoa purificada para com ele participar disso. Podia ser comido no mesmo dia, ou, em alguns casos, no dia seguinte, mas não mais tarde. Lev. 7:16-21.

Os bolos asmos amassados com azeite, e fritos, eram parte das ofertas. A isso se acrescentava pão levedado. Uma parte era apresentada ao Senhor, como oferta alçada, e depois dada ao sacerdote, como sua porção. Lev. 7:11-13.

Toda a cerimônia constituí­a uma espécie de serviço de comunhão, em que o sacerdote e o povo participavam, com o Senhor, da Sua mesa; uma ocasião de regozijo, em que todos se uniam em gratidão e louvor a Deus, por Sua misericórdia.

é significativo o uso de fermento na oferta pací­fica. Em geral, o fermento não era permitido em qualquer sacrifí­cio. Numa ocasião em que ele era usado " na oferta de manjares das primí­cias (Lev. 2:12) " não era permitido que subisse ao altar. Nessa ocasião, era apresentado ao Senhor como oferta alçada e depois dado ao sacerdote que havia espargido o sangue. Lev. 7:13 e 14.

 

No caso da oferta de manjares das primí­cias o fermento representava o homem levando a Deus sua oferta pela primeira colheita. Devia ofertar conforme o que possuí­a. Mas devia faze-lo somente uma vez. Na oferta pací­fica, o pão levedado e o não levedado são ordenados. Não pode ser que, como isso é um manjar comum, de que Deus, o sacerdote e o ofertante participam, o pão não levedado represente Aquele que é sem pecado e é nossa paz, e que o fermento represente a imperfeição do homem, que e, não obstante, aceito por Deus? Efés. 2:13. A isso é feita referência em Amós 4:5.

"A carne do sacrifí­cio de louvores da sua oferta pací­fica se comerá no dia do seu oferecimento". Lev. 7:15. Conquanto isto fosse, em parte, uma medida higiênica, não era esta a única razão; pois nos casos em que a oferta pací­fica era um voto ou um a oferta voluntária, também podia ser comida no dia seguinte. Vers. 16. Era manifestamente impossí­vel a um homem consumir sua oferta, caso esta fosse um novilho ou um bode, ou um cordeiro, em um dia só. Era-lhe portanto permitido, e mesmo ordenado pedir a outros que compartilhassem da refeição. "Nas tuas portas não poderás comer... nenhum dos teus votos, que houveres votado, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão; mas o comerás perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher o Senhor teu Deus, tu, e teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita que está dentro das tuas portas: perante o Senhor teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a tua mão. Guarda-te, que não desampares ao levita todos os teus dias na terra". Deut. 12:17-19.

Este era um traço que distinguia a oferta pací­fica. Devia ser comida no mesmo dia, e ser compartilhada; devia ser comida "perante o Senhor", e "te alegrarás". Era uma refeição de regozijo, em comum, e a esse respeito diferia de todas as outras ofertas.

Por vezes as ofertas pací­ficas eram ofertas votivas. Por uma ou por outra razão, talvez por alguma bênção especial desejada, o ofertante fazia um voto ao Senhor. Ele podia consagrar-se a si mesmo a Deus, ou a esposa ou os filhos, ou gado, casa, terras. Lev. 27. Foi assim que Samuel foi consagrado ao Senhor. I Sam.1:11.

 

No caso de pessoas, um voto podia ser resgatado mediante determinada avaliação, ajustada pelos sacerdotes no caso de pessoas muito pobres. Lev. 27:1-8. Se o voto dizia respeito a algum dos animais apropriados para sacrifí­cio, não podia ser resgatado. Caso um homem tentasse trocá-lo por outro, ambos os animais deviam ser ofertados. Vers. 9 e 10. Em caso de ser um animal imundo, o sacerdote devia fazer a avaliação do mesmo. Podia ser resgatado, acrescentando-se um quinto ao valor calculado. Vers. 11-13.

Três coisas se mencionam como não estando sujeitas à lei do voto: todos os primogênitos (vers. 26 e 27); qualquer coisa consagrada a Deus (vers. 28 e 29); o dí­zimo (vers. 30-34). Estas, como já pertencentes a Deus, não podiam ser votadas.

Há pessoas que não olham com agrado os votos. Todavia Deus providenciou quanto a eles. Conquanto seja melhor não votar, do que faze-lo e não pagar. (Ecles. 5:5), os votos são í s vezes justos e aceitáveis diante de Deus. "Abstendo-te de votas, não haverá pecado em ti". (Deut. 23:22); mas se uma pessoa faz um voto, "não tardará em pagá-lo". Vers. 21. O fazer um voto é coisa optativa. O homem pode ou não fazer um voto, mas se o faz, "não violará a sua palavra: segundo tudo o que saiu da sua boca, fará". Num. 30:2.

Deus quer que seu povo seja honesto e digno de confiança. Quer que cumpra suas promessas. Homem algum está cumprindo seus deveres cristãos se não se puder confiar nele nas transações comerciais. Homem algum pode violar sua palavra e reter o favor de Deus. Ninguém pode "se esquecer" de pagar suas contas " ou mesmo ser negligente a esse respeito, e ser reputado honesto aos olhos do céu. O cristão mais que todos, deve ser um homem de palavra. Não precisa apenas ser reto; deve ser pontual.

Na época em que vivemos, muitos consideram sua palavra como de pouca monta, e pouco respeito têm por seus compromissos. Conquanto se possa esperar isto do mundo, não pode haver desculpa quanto a qualquer que usa o nome de Cristo em repudiar sua promessa.

 

Todavia, quantos compromissos por pagar existem, quantos votos violados! São violados os votos matrimoniais; quebra-se o voto batismal; o voto da ordenação se viola. Concertos são repudiados, acordos desrespeitados, esquecidos compromissos. O violar a fé é comum, a desconsideração da responsabilidade, quase geral. O próprio Cristo cogitava se encontraria fé na terra quando voltasse. Lucas 18:8. Em meio de toda essa confusão, deve haver um povo em quem Deus possa confiar, em cuja boca não se encontre engano, fiel à sua palavra. A pergunta feita em Salmo 15, é também aí­ respondida. Pergunta: "Senhor, quem habitará no Teu tabernáculo? Quem morará no Teu santo monte?". A resposta: "Aquele que anda em sinceridade, e pratica a justiça, e fala verazmente, segundo o seu coração. Aquele que não difama com a sua lí­ngua, nem faz mal a seu próximo, nem aceita nenhuma afronta contra seu próximo; aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor; aquele que, mesmo que jure com dano seu, não muda. Aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem recebe peitas contra o inocente; quem faz isto nunca será abalado".

Uma das condições aqui mencionadas para habitar no tabernáculo de Deus, é jurar "com dano seu" e não mudar. Um homem pode combinar vender ou comprar alguma propriedade, e, depois de feito o acordo, receber uma oferta mais vantajosa. Ficará firme no negócio mesmo com prejuí­zo seu? Fa-lo-á, se é cristão.

Respeito pela própria palavra, eis uma clamorosa necessidade. Dela necessitam as nações, para que seus acordos não fiquem sem significação. Os negociantes dela precisam, para que não venham em resultado confusão e ruí­na. Os indiví­duos têm dela necessidade para que não pereça na terra a fé. Acima de tudo, os cristãos precisam dela, para que não percam os homens sua visão e esperança, e o desespero se apodere da humanidade.

Esta é a hora e oportunidade supremas da igreja. O mundo é credor de uma demonstração de que há um povo que permanece fiel em meio de uma infiel geração; que respeita própria palavra, bem como respeita a palavra de Deus; que é fiel à fé uma vez entregue aos santos. Está atrasada a manifestação dos filhos de Deus. Rom. 8:19.

 

Esta revelação dos filhos de Deus, não é somente "a ardente expectação da criatura", mas "toda a criação geme e está juntamente com dores de parto" por ela. Vers. 22. E esta manifestação revelará um povo que tem o selo da aprovação de Deus. Guarda os mandamentos. Tem a fé de Jesus. Sua palavra é sim, sim, e não, não. São irrepreensí­veis diante do trono de Deus. Apoc. 14:12 e 5; Tiago 5:12.

Como antes foi declarado, a oferta pací­fica era uma oferta de comunhão em que tomavam parte Deus, o sacerdote e a pessoa. Era uma refeição em comum, tomada no recinto do templo, em que predominavam a alegria e o contentamento, e os sacerdotes e o povo entretinham conversa. Não era uma ocasião em que se efetuava a paz, antes uma festa de regozijo pela posse da mesma. Era geralmente precedida de uma oferta pelo pecado ou uma oferta queimada. Fizera-se expiação, espargira-se o sangue, o perdão havia sido concedido e assegurada a justificação. Para isto celebrar, o ofertante convidava seus parentes chegados e seus servos, bem como os levitas, para comerem com ele. "Nas tuas portas não poderás comer", era o mandamento, mas só "no lugar que escolher o Senhor teu Deus". Deut. 12:17 e18.E assim se reunia toda a famí­lia dentro das portas do templo para celebrar de maneira festiva a paz que se estabelecera entre Deus e o homem, e entre o homem e homem.

"Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo". Rom. 5:1. "Ele é a nossa paz". Efés. 2:14. O Israel de outrora era convidado a celebrar sua paz com Deus, o perdão de seus pecados, e o ser-lhes restituí­do o favor divino. Esta celebração incluí­a filho e filha, servo e serva, bem como o levita. Todos se sentavam à mesa do Senhor e se regozijavam juntos "na esperança da glória de Deus". Da mesma maneira nos devemos gloriar em "Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação". Rom. 5:2 e 11.

Poucos a apreciam ou se regozijam na paz de Deus como deviam. Embora a razão seja, em muitos casos, falta de apreciação do que Deus tem feito por elas, já muitas vezes almas queridas que deixam de compreender que lhes assiste o direito e o privilégio de se sentirem contentes em sua religião. Vivem à sombra da cruz, em lugar de viver aos seus gloriosos raios.

 

Acham que há qualquer coisa errada na felicidade, que é impróprio sorrir, e que mesmo o inocente riso é coisa sacrí­lega. Carregam aos ombros o fardo do mundo, e sentem que passar qualquer tempo numa recreação é, não somente um desperdí­cio de tempo, mas positivamente irreligioso. São bons cristãos, não são felizes, porém. Caso vivessem nos dias de Cristo e O seguissem, poriam em dúvida a conveniência de ir í s bodas de Cana da Galiléia. Ficariam mesmo perplexos por ver Cristo comer e beber com pecadores. Juntamente com os discí­pulos de João, estariam jejuando e orando. Lucas 5:29-35.

Isto é escrito com inteira consideração dos tempos em que vivemos. Se jamais houve um perí­odo em que a seriedade e a sobriedade devessem caracterizar nossa obra, este é aquele em que vivemos. Em face da crise a aproximar-se, que espécie de homens nos convém ser, em toda a santa conversação e piedade! Toda frivolidade e leviandade deve ser posta de lado, tomando a solenidade posse de todo elemento terreno. Grandes e momentosos acontecimentos aproximam-se a passos rápidos. Não é tempo de frivolidades e insignificâncias. O Rei está í s portas!

Estas condições, no entanto, não nos deviam fazer perder de vista o fato de sermos filhos do Rei, de estarem perdoados os nossos pecados, e de que temos direito a estar contentes e nos regozijar. A obra deve ser finalizada, e compre-nos ter nela uma parte; mas afinal de contas é Deus que deve concluí­-la. Muitos falam e agem como se fossem eles que devessem terminar a obra, como se tudo deles dependesse. Parecem pensar que têm a responsabilidade da obra sobre si, e que, conquanto Deus possa ajudar, a eles pertence na verdade o fazer o trabalho. Mesmo em suas orações, lembram muitas vezes a Deus do que Ele deve fazer, temerosos de que esqueça algumas coisas que têm no coração. São boas almas, ansiosas de fazer o que é justo em todo tempo, mas não aprenderam a lançar o seu cuidado sobre o Senhor. Estão fazendo tudo ao seu alcance para levar o fardo e, conquanto gemendo sob o mesmo, estão decididos a não desistir. Lutam para a frente, e estão conseguindo fazer muito. São valiosos obreiros, e o Senhor os ama ternamente.

 

Estão faltando, porém, em alguns importantes elementos, e não fruem muito regozijo de seu cristianismo. São Martas que labutam e mourejam, mas deixam fora aquela coisa que é necessária. Olham com desaprovação í s Marias que não estão fazendo como fazem elas, e levam sua queixa ao Senhor. Não podem compreender como Cristo pode tomar a parte de Maria, quando, a seu ver, ela devia ser censurada. Trabalham, mas não se sentem muito contentes com isso. Pensam que outros não estão fazendo o que lhes cumpre. Lucas 10:38-42.

é a mesma lição salientada na história do filho pródigo. O filho mais velho nunca tinha feito qualquer coisa muito reprovável.

Sempre trabalhara arduamente , e nunca desperdiçara tempo em festas e bebedices. E agora que o filho mais novo estava de volta à casa, depois de malgastar sua porção em vida dissoluta, "ele se indignou, e não queria entrar" para a festa feita em honra do irmão que voltara. Não adiantou o pai sair e instar com ele. Antes o censurou, acusando-o de que vindo "este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado". Lucas 15:30. Bondosamente lhe torna o pai: "Era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se". Vers. 32. Não nos é contado o resto da história. Entrou o filho? Prevaleceu o amor do pai? Não sabemos. A história não diz. O último quadro que nos é apresentado, é do filho mais velho do lado de fora, indignado. é de esperar que se arrependesse e entrasse, mas não sabemos.

Os cristãos devem ser um povo feliz, mesmo em meio dos mais solenes acontecimentos. E por que não haviam de sê-lo? Seus pecados estão perdoados. Têm paz com Deus. Estão justificados, santificados, salvos. Deus lhes tem posto nos lábios um novo canto. São filhos do Altí­ssimo. Estão andando com Deus. São felizes no Seu amor.

Poucos cristãos têm no coração a paz de Deus como deviam. Parecem esquecer sua herança. Disse Cristo: "Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize". João 14:27.

Todavia o coração de muitos se perturba. Têm temor. Andam ansiosos. Algum querido está fora do rebanho, e eles estão buscando "pô-lo para dentro".

 

Dia e noite labutam e oram. Não deixam nenhuma pedra por revolver em seu esforço de pôr cerco a sua salvação. Se alguém pode ser salvo pelo trabalho de outro, estão decididos a assim fazer. E não deixam a Deus fora do plano. Oram. Rogam. Oram como se Deus necessitasse ser despertado. E afinal o querido volta para Deus. Como se sentem felizes! Agora, podem descansar. Sua obra está feita, a tarefa realizada!

Acaso ocorre alguma vez a essas almas que Deus está tão interessado na conversão daquele ente amado como o estão eles próprios, ou antes, mais do que eles podem estar? Acode-lhes porventura que, muito tempo antes de começarem a orar esforçar-se, Deus já planejou e operou pela salvação daquele ser querido; que está fazendo e tem feito tudo quanto é possí­vel fazer? Que, em lugar de tomarem a obra do Senhor e Lhe suplicarem que os ajude, seria melhor se reconhecessem essa obra como pertencendo a Deus, e com Ele cooperassem? Desde o momento em que esta compreensão invade uma alma, dela se apodera a paz. Isto não faz uma pessoa orar ou trabalhar menos, mas leva-a a aliviar a sua responsabilidade. Começará a orar com fé. Se cremos que Deus está realmente operando, se acreditamos que tem interesse na salvação dos homens, oraremos mais que nunca, mas a responsabilidade deixaremos com Ele.

Muito de nosso trabalho se baseia na incredulidade. Com Habacuc; sentimos como se Deus não estivesse realmente fazendo Sua parte. Hab. 1:2-4. Ele precisa de ser lembrado. Há coisas para as quais Lhe devemos chamar a atenção, e começamos a pô-las perante Ele. Em vez de ter fé em Deus, em Sua sabedoria, Seu poder, tomamos sobre nós o fardo, dizendo, virtualmente, que não podemos confiar que Ele faça o que prometeu. Ao vir a fé, porém, ao raiar sobre nós a maravilhosa luz de que Deus rege ainda os negócios dos homens; que está fazendo o máximo para salvar a humanidade, e que nossas orações deveriam ser no sentido de Lhe conhecer a vontade " ao compreendermos isto, então a segurança, o descanso e a paz nos sobrevêm com abundância. Não haverá menos obras; serão, porém, obras de fé. Não haverá menos orações, mas de fé serão elas. Dia a dia ascenderão ações de graças pelo privilégio de cooperar com Deus.

 

Alma e coração encher-se-ão de paz. Não mais haverá lugar para a ansiedade e a aflição. Paz, doce paz, sossego, descanso, felicidade e alegria serão nossa diária porção. A vida e sua perspectiva se mudam inteiramente. Aprendemos a sentar-nos aos pés de Jesus. Enquanto Marta continua a trabalhar - e a queixar-se baixinho " Maria está escutando as palavras de vida. Encontrou a "uma só" coisa necessária. Compreende a palavra de Cristo: "A obra de Deus é esta: Que creiais". João 6:29. E ela crê e descansa.

Não há mais alta bem-aventurança possí­vel do que possuir no coração a paz de Deus. é o legado que nos deixou Cristo. "Deixo-vos a paz", diz Ele. Maravilhosas palavras! "A Minha paz vos dou". João 14:27. Sua paz era aquela tranqüila segurança que provém da confiança em Deus. Ao tempo em que Cristo proferiu estas palavras, estava-Se aproximando da cruz. Tinha diante de Si o Gólgota. Não vacilou, no entanto. Tinha o coração cheio de paz e segurança. Conhecia Aquele em quem confiava. E descansava na certeza de que Deus conhecia o caminho. Ele podia não ser capaz de "ver através dos portais da tumba". A esperança talvez "não Lhe apresentasse Sua saí­da do sepulcro como vencedor, nem Lhe falasse da aceitação do sacrifí­cio por parte do Pai". Mas, "pela fé, descansava nAquele a quem Lhe tinha sido sempre deleite obedecer... Pela fé, foi Cristo vitorioso". - O Desejado de Todas as Nações, págs. 561 e 563.

Aquela mesma paz nos legou Ele. Ela significa unidade com o Pai, companheirismo, comunhão. Quer dizer serena alegria, descanso, contentamento. Significa fé, esperança e amor. Nela não há temor ou ansiedade. Quem quer que a possua, tem aquilo que excede a todo entendimento. Tem uma fonte de força que não depende de circunstâncias. Está em harmonia com Deus.

 

Veja Mais dados Novos Conteúdos