OFERTAS PELO PECADO

P

ecado e oferta pelo pecado têm o mesmo nome em hebraico. A oferta pelo pecado estava com ele tão intimamente ligada, que o nome se tornou o mesmo. Quando Oséias diz dos sacerdotes: "Alimentam-se do pecado do Meu povo", aquela mesma palavra, chattaht, é empregada, como ocorre em outras partes, por "oferta pelo pecado". Oséias 4:8.

As ofertas pelo pecado são primeiramente mencionadas em relação com o ato de Arão e seus filhos serem consagrados. Êxodos 29:13. Não são, entretanto, mencionadas como qualquer coisa nova. Pode-se assim acreditar que as ofertas pelo pecado já existiam naquela ocasião.

Convém notar que as ofertas pelo pecado só bastava para pecados cometidos por ignorância. Lev. 4:2, 13, 22 e 27. Diziam respeito a pecados cometidos por erro, engano, ou atos precipitados, de que o pecador não estava advertido na ocasião, mas de que mais tarde teve conhecimento. Não providenciavam quanto a pecados cometidos conscientemente, com conhecimento e persistência. Quando Israel pecava deliberadamente, como no adorar o bezerro de ouro, e recusar desafiadoramente a misericórdia de Deus quando Moisés os chamou ao arrependimento, sobrevinha o castigo. "E caí­ram do povo naquele dia uns três mil homens". Êxodo 32:28.

Quando ao pecado consciente ou presunçoso, a lei reza: "Porém o que comete algum pecado por soberba, ou ele seja cidadão ou forasteiro (porque foi rebelde contra o Senhor), perecerá do meio do seu povo: pois que desprezou a palavra do Senhor, e tornou vão o Seu preceito: por isso mesmo será exterminado, e levará sobre si a sua iniqüidade". Números 15:30 e 31. (Trad. Figueiredo). Há algumas exceções a essa lei, entretanto, as quais serão consideradas mais adiante.

O capí­tulo quatro de Leví­ticos discute o assunto das ofertas pelo pecado. Mencionam-se quatro classes de ofensores: O sacerdote ungido (vers. 3-12), toda a congregação (vers. 13 e 21), o prí­ncipe (vers. 22-26), um do povo comum (vers. 27-35).

 

Os sacrifí­cios exigidos não eram os mesmos em todos os casos, nem se dispunha do sangue pela mesma maneira. Se o sacerdote ungido pecava "fazendo pecar ao povo", devia trazer "ao Senhor pelo seu pecado um novilho sem defeito". Lev. 4:3. Se toda a congregação de Israel pecasse por ignorância, também deviam oferecer "pelo seu pecado um novilho", e o trariam "a porta do tabernáculo". Vers 14.Se um dos prí­ncipes pecava, devia trazer "um bode tirado dentre as cabras, que não tenha defeito". Vers. 3. Se um do povo pecava por ignorância, devia trazer "uma cabra sem defeito". Vers. 28. No caso de não poder apresentar uma cabra, podia levar uma cordeira. Vers. 32.

Em todos esses casos o pecador tinha de prover a oferta, colocar a mão sobre a cabeça do animal, e mata-lo. Quando toda a congregação pecava, devia prover a oferta, e os anciãos tinham de pôr as mãos sobre a cabeça do novilho.

Na maneira de dispor o sangue, havia uma diferença que deve ser observada. Quando o sacerdote ungido pecava e levava seu novilho e o matava, devia molhar "seu dedo no sangue, e daquele sangue espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário". Vers. 6. Devia também pôr "daquele sangue sobre as pontas do altar de incenso aromático, perante o Senhor, que está na tenda da congregação: e todo o resto do sangue do novilho derramará à base do altar do holocausto, que está à porta da tenda da congregação". Vers. 7.

Esta instrução é especí­fica. Ao ser morto o novilho, o sacerdote colhia o sangue, e parte dele era levado para o interior do primeiro compartimento do santuário. Ali o sangue era espargido sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário e também posto nas pontas do altar do incenso aromático que estava no primeiro compartimento. O resto do sangue era derramado à base do altar do holocausto, que estava no pátio.

Quando toda a congregação pecava, o sangue era disposto da mesma maneira. Parte dele era levado ao primeiro compartimento do santuário, e espargido perante o véu. As pontas do altar de incenso eram tocadas pelo sangue, e o resto deste, derramado à base do holocausto, no pátio. Vers. 18.

 

Quando um prí­ncipe pecava, o sangue era disposto diversamente. Reza o registro: "O sacerdote com o seu dedo tomará do sangue da expiação, e o porá sobre as pontas do altar do holocausto: então o resto do seu sangue derramará à base do altar do holocausto". Vers. 25. Neste caso, o sangue não era levado para o interior do santuário e espargido perante o véu. Era posto nas pontas do altar do holocausto, no pátio, e o resto derramado à base do mesmo altar.

O mesmo se fazia com o sangue quando pecava uma pessoa comum. O sangue era posto sobre as pontas do altar do holocausto, e o resto derramado à base do altar. Vers. 30 e 34.

Em cada um desses casos, a gordura era removida do cadáver e queimada sobre o altar do holocausto. Vers. 8-10, 19, 26, 31 e 35. O corpo do animal, entretanto, era diversamente tratado nos diferentes casos. Se o sacerdote ungido pecava, o "couro do novilho, e toda a sua carne, com a sua cabeça e as suas pernas, e as suas entranhas, e o seu esterco, todo aquele novilho" "levará fora do arraial a um lugar limpo, onde se lança a cinza, e o queimará com fogo sobre a lenha: onde se lança a cinza se queimará". Vers. 11 e 12. O mesmo devia ser feito com o cadáver do novilho apresentado como oferta pelo pecado de toda a congregação. O corpo era levado para fora do acampamento, a um lugar limpo, e ali queimado com fogo sobre a lenha. Vers. 21.

Não há, no capí­tulo em consideração, instruções quanto ao que era feito com o corpo do animal quando um prí­ncipe ou uma pessoa comum pecava. No capí­tulo 6 de Leví­tico, entretanto, na "lei da expiação do pecado", encontram-se mais instruções. "No lugar em que se degola o holocausto se degolará a expiação do pecado perante o Senhor; coisa santí­ssima é. O sacerdote que a oferecer pelo pecado a comerá: no lugar santo se comerá, no pátio da tenda da congregação". Lev. 6:25 e 26. Esta declaração elucida o assunto. O sacerdote que oferecia a expiação pelo pecado, devia comê-la. Devia come-la num lugar santo, no pátio da tenda da congregação. O vers. 29 declara: "Todo o varão entre os sacerdotes a comerá: coisa santí­ssima é". Há entretanto uma exceção a isto: "Porém nenhuma expiação de pecado, cujo sangue se traz à tenda da congregação, para expiar no santuário, se comerá; será queimada no fogo". Vers. 30.

 

Lembrar-se-á que, quando o sacerdote ungido ou toda a congregação pecava, o sangue era levado para o primeiro compartimento do santuário, e aí­ espargido perante o véu. Parte do sangue também era posta nas pontas do altar do incenso, no lugar santo. Nestes casos o sangue era levado para o tabernáculo da congregação no lugar santo. A esses dois casos, portanto, se faz referência na declaração: "Nenhuma expiação de pecado, cujo sangue se traz à tenda da congregação, para expiar no santuário, se comerá; no fogo será queimada". Quando o sacerdote ungido e toda a congregação pecava, o sangue era levado para o lugar santo; a carne não era comida, mas o corpo era levado para fora do arraial e queimado.

Quando um prí­ncipe ou uma pessoa do povo pecava, o sangue era posto sobre as pontas do altar do holocausto, e o resto derramado à base do altar. A carne não era queimada no altar, nem levada para fora do acampamento para ser queimada como no caso do novilho. Era dada aos sacerdotes para ser comida num lugar santo.

Que isso não era um mandamento arbitrário sem qualquer significação especial, evidencia-se de um incidente registrado no décimo capí­tulo de Levitico. Os versí­culos 16 e 18, rezam: "Moisés diligentemente buscou o bode da expiação, e eis que já era queimado: portanto indignou-se grandemente contra Eleazar e contra Itamar, os filhos que de Arão ficaram, dizendo: Por que não comestes a expiação do pecado no lugar santo? Pois uma coisa santí­ssima é: e o Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniqüidade da congregação, para fazer expiação por eles diante do Senhor. Eis que não se trouxe o seu sangue para dentro do santuário; certamente haví­eis de comê-la no santuário, como tinha ordenado".

O leitor se lembrará de que, quando se usava um novilho como expiação pelo pecado " como no caso do sacerdote ungido ou de toda a congregação " o corpo era levado para fora do acampamento e queimado. O mesmo não se dava no entanto no caso do bode e do cordeiro. Quando um prí­ncipe ou uma pessoa comum pecava, o sangue não era levado para o santuário, mas a carne era comida pelos sacerdotes. Os versí­culos citados acima dão a razão disto:

 

"O Senhor a deu (a carne) a vós para que levásseis a iniqüidade da congregação, para fazer expiação por eles diante do Senhor".

Segundo isto, os sacerdotes, por comerem a carne, tomavam sobre si a iniqüidade da congregação; isto é, levavam os pecados do povo. A razão dada para comerem a carne, é esta:" Não se trouxe o seu sangue para dentro do santuário; certamente haví­eis de come-la no santuário, como tinha ordenado". Quando o sangue era levado para o primeiro compartimento, não era necessário comer a carne. Mas, se o sangue não era levado para o santuário, os sacerdotes deviam comer a carne e, comendo-a, levar a iniqüidade da congregação. Os pecados eram assim transferidos do povo para o sacerdócio.

Alguns têm tido dúvidas quanto à transferência do pecado para o santuário por meio do sangue, o quanto a ser possí­vel a alguém levar os pecados do outro. O caso que está diante de nós é concludente. Ou o sangue deve ser levado para o santuário e aí­ espargido perante o véu, ou a carne deve ser comida. "O Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniqüidade da congregação para fazer expiação por eles diante do Senhor". Ao comerem a carne, os sacerdotes tomavam sobre si os pecados que, pela imposição das mãos e a confissão haviam sido transferidos do pecador para o animal. O comer a carne não era necessário nos casos em que o sangue fora levado ao santuário. Em tais casos dispunha-se efetivamente dos pecados levando o sangue para o santuário, e espargindo-o perante o véu. O corpo era levado fora do acampamento, a um lugar limpo, e aí­ queimado.

A seqüência deste incidente, segundo se acha registrada nos versí­culos 19 e 20 do capí­tulo 10, também é interessante. Arão, Eleazar e Itamar não haviam comido da carne da oferta pelo pecado, ou expiação como deveriam ter feito. Arão explicou sua falta dizendo que lhe sobreviera uma calamidade. Dois de seus filhos, enquanto sob a influência do vinho, haviam sido mortos perante o Senhor, como está relatado na primeira parte do capí­tulo 10. Arão e os outros dois filhos que restaram, ao que parece, não se achavam inteiramente sem culpa. Conquanto talvez não houvessem participado do vinho, estavam provavelmente perplexos quanto à justiça do juí­zo que viera sobre seus irmãos e companheiros de sacerdócio.

 

Em tais condições, não sentiam poder tomar sobre si as iniqüidades de outrem. Tinham bastante em carregar a própria. Foi com isto em mente, que Arão perguntou: "Se eu hoje comera a expiação do pecado, seria pois aceito aos olhos do Senhor?" "E Moisés ouvindo isto, foi aceito ao seus olhos". Vers. 19 e 20. Daí­ podemos com razão concluir que Deus não esperava que os sacerdotes comessem a expiação pelo pecado, levando assim os pecados do povo, a menos que eles próprios estivessem limpos. "Purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor".

Como foi observado acima, no estudo crí­tico que nos anos posteriores se tem feito de muitas partes da Bí­blia, têm-se lançado dúvidas quanto à questão da transferência do pecado. Embora seja claro que, em cada um dos casos o pecador tinha de pôr a mão sobre o sacrifí­cio, é negado que isto significasse confissão ou transferência de pecado. Deve-se admitir, entretanto, que alguma coisa acontecia ao homem que levava sua oferta pelo pecado. Em cada um dos casos mencionados no quarto capí­tulo de Leví­tico, com exceção do sacerdote ungido, é dito que a expiação era feita, e que o pecado "lhes será perdoado". Lev. 4:20, 26, 31 e 35. O homem era perdoado de seu pecado e ia embora livre.

Não era só ao homem, no entanto, que acontecia alguma coisa. De algum modo os sacerdotes vinham a levar sobre si os pecados que o homem carregava antes. Ele pecara. Confessara seu pecado e fora perdoado. Mas agora os sacerdotes levavam o pecado. Como se efetuava essa transferência? Parece clara a conclusão. O homem, o pecador, pusera a mão sobre o inocente animal, confessara o pecado e assim, em figura, transferira o mesmo para o animal. Sendo pecador, ou pelo menos fazendo-se portador do pecado, o animal era morto. O sacerdote, ao comer a carne, tomava sobre si carne pecaminosa, e assim levava a "iniqüidade da congregação".

Que a culpa era transferida no Dia da Expiação, é positivamente declarado. "Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados: e os porá sobre a cabeça do bode, e envia-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso". Lev. 16:21.

 

 

 

Aqui se declara de maneira definida que Arão deve pôr as mãos sobre a cabeça do bode, que deve confessar sobre ele os pecados dos filhos de Israel, e que porá esses pecados sobre a cabeça do bode. Não podemos crer que esta é exatamente a significação no caso expiação do pecado no quarto capí­tulo de Leví­tico? Que, de qualquer maneira, os sacerdotes vieram a levar a iniqüidade da congregação, é claro. A declaração a esse respeito é muito positiva. é também asseverado que era mediante o comer da carne que eles tomavam sobre si o pecado. Este pecado, naturalmente, não era o do animal, mas do pecador que trouxera sua expiação pela culpa, a fim de obter o perdão. O argumento parece completo. Originalmente, o pecador levava seus pecados. Agora, os sacerdotes os levam. Receberam-nos comendo a carne do animal. Sustentamos portanto que a Bí­blia ensina a doutrina da transferência do pecado.

O colocar das mãos, por parte do pecador, sobre a expiação, tinha indubitavelmente significação mais ampla, especialmente no caso das ofertas queimadas e das ofertas pací­ficas. Depois de o pecador haver confessado e ter sido perdoado, entrava em comunhão com Deus. Uma clara compreensão desta verdade é essencial para se entenderem os sacrifí­cios envolvidos.

As ofertas pelo pecado eram usadas em outros casos além dos já mencionados no quarto capí­tulo de Leví­tico. Um exemplo disso é a consagração de Arão e seus filhos, segundo se acha registrado no capí­tulo oito de Leví­tico. Convém notar-se aqui, entretanto, que é Moisés que realiza a cerimônia, e não o sacerdote. Arão e seus filhos, na verdade, põem as mãos sobre a cabeça do novilho destinado à expiação do pecado, e o matam, mas é Moisés que administra o sangue e o põe sobre as pontas do altar em redor. Deve-se notar também que neste caso, em vez de contaminar o altar, o sangue o purifica. "Moisés tomou o sangue, e pôs dele com o seu dedo sobre as pontas do altar em redor, e expiou o altar; depois derramou o resto do sangue à base do altar, e o santificou, para fazer expiação por ele". Lev. 8:15.

Ao cabo dos sete dias de consagração de Arão, foi ordenada uma oferta pelo pecado.

 

Arão devia tomar um bezerro para expiação pelo pecado por si mesmo antes de começar seu ministério pelo povo. "Então Arão se chegou ao altar, e degolou o bezerro da expiação que era por ele. E os filhos de Arão trouxeram-lhe o sangue, e molhou o seu dedo no sangue, e o pôs sobre as pontas do altar; e o resto do sangue derramou à base do altar". Lev. 9:8 e 9. "Porém a carne e o couro queimou com fogo fora do arraial". Lev. 9:11.

Havia outras ocasiões em que eram requeridas ofertas pelo pecado. Depois do parto, um pombinho ou uma rola para expiação do pecado. Lev. 12:6-8. Em casos de contaminação, o nazireu devia oferecer uma rola, ou um pombinho por expiação do pecado. Num. 6:10. Também, quando os dias de separação estavam cumpridos, o nazireu devia trazer um cordeiro de um ano, sem defeito, para expiação do pecado. Vers. 14. Na consagração e purificação dos levitas, um novilho era requerido como expiação do pecado. Num. 8:8 e 12. Uma expiação pelo pecado era exigida por ocasião da festa da lua nova (Num. 28:15), pela páscoa (vers 22), pelo pentecostes (vers. 30), no primeiro dia do sétimo mês (Num. 29:5), no décimo, décimo-quinto e vigésimo segundo dias também. Vers. 10-38.

A cerimônia da bezerra ruiva merece especial consideração. Difere a muitos respeitos da oferta regular pelo pecado; serve todavia ao mesmo desí­gnio. Num. 19:9, diz: "Expiação é". A palavra aí­ usada é a mesma que em outras partes para a expiação do pecado. Incluí­mos, portanto, a bezerra ruiva entre as ofertas pelo pecado ordenadas por Deus.

Israel era ordenado a trazer uma bezerra ruiva, sem defeito e sem mancha, e dá-la ao sacerdote Eleazar. Num. 19:2 e 3. O sacerdote tinha de levar a bezerra fora do acampamento, onde alguém a degolaria em sua presença. O sacerdote devia tomar então o sangue com o dedo, espargindo-o para a frente da tenda da congregação sete vezes. Vers. 4. Depois disto, alguém devia queimar a bezerra perante Eleazar, "o seu couro, e a sua carne, e o seu sangue, com o seu esterco se queimará". Vers. 5. Enquanto a bezerra estava assim sendo consumida, o sacerdote devia tomar "pau de cedro, e hissopo, e carmezim", e os lançar "no meio do incêndio da bezerra". Vers. 6. Depois o sacerdote devia lavar as vestes, banhar-se e volver ao acampamento, e seria imundo até à tarde. Vers. 7.

 

 

 

Depois disto um homem que estivesse limpo devia ajuntar a cinza da bezerra, pondo-a fora do arraial, num lugar limpo. Serviria para a "água da separação: expiação é". Vers. 9.

As cinzas assim guardadas deviam ser usadas em certas espécies de contaminação, como o tocar num corpo morto. Nesse caso, a cinza devia ser tomada, e sobre ela poriam "água viva num vaso; e um homem limpo tomará hissopo, e molhará naquela água, e a espargirá sobre aquela tenda, e sobre todo o fato, e sobre as almas que ali estiveram: como também sobre aquele que tocar os ossos, ou a algum que foi morto, ou que faleceu, ou uma sepultura. E o limpo ao terceiro e sétimo dia espargirá sobre o imundo: e ao sétimo dia o purificará; e lavará os seus vestidos, e se banhará na água, e à tarde será limpo". Num. 19:17-19.

Observar-se-á que, ao passo que esta cerimônia era uma "expiação" pelo pecado, sangue algum, nesse caráter, era empregado na purificação do homem de sua contaminação. A única vez que o sangue é mencionado, é por ocasião de ser morta a bezerra, quando os sacerdotes tomaram o sangue e o espargiram sete vezes diante do altar da congregação. Vers. 4. Na aplicação à pessoa, individualmente, no entanto, não havia nenhuma aspersão de sangue.

Também se deve observar que a bezerra não era morta dentro dos limites do pátio da tenda, onde se matavam os outros sacrifí­cios. O sangue não era levado para o interior do santuário, não era aspergido perante o véu, não era posto nas pontas do altar do incenso, nem nas pontas do altar do holocausto, nem era derramado à base do mesmo; não entrava em contato direto com o santuário nem com o altar do holocausto.

No ritual da purificação, era exigido que uma pessoa limpa oficiasse. Outro ponto é que essa purificação aproveitava não somente os filhos de Israel, mas também ao estrangeiro. "Isto será por estatuto perpétuo aos filhos de Israel e ao estrangeiro que peregrina no meio deles". Vers. 10.

Convém notar a declaração registrada em Números 19:13, de que o tabernáculo ficaria contaminado se um homem não se purificasse. "Todo aquele que tocar a algum morto, cadáver de algum homem que estiver morto, e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor".

 

"Porém o que for imundo, e se não purificar, a tal alma do meio da congregação será extirpada; porquanto contaminou o santuário do Senhor: água de separação sobre ele não foi espargida; imundo é". Num. 19:13 e 20. Que o santuário era contaminado pela confissão do pecado e pela aspersão do sangue, é por todos aceito. Aqui se faz a declaração de que um homem que não se purifica, que não confessa seu pecado, contamina o santuário do Senhor. A importância doutrinária desta declaração, não deve ser passada por alto.

A cerimônia ocasional da bezerra ruiva tem profunda significação para o reverente estudioso da palavra de Deus. A purificação do pecado é aí­ realizada pelo uso de água em que se punha cinza da bezerra morta. Essa purificação é para o estrangeiro da mesma maneira que para os filhos de Israel. Sua ministração é fora do acampamento, à parte do culto ordinário de Jeová, e não está diretamente ligada com a rotina usual do serviço do santuário.

é a esta cerimônia que o autor da epí­stola aos hebreus se refere, quando diz: "Porque se o sangue de touros e bodes, e a cinza duma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espí­rito eterno Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" Heb. 9:13 e 14. A oração de Davi, é: "Purifica-me com hissope, e ficarei puro: lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve". Salmo 51:7.

Uso de água um tanto semelhante a este, para fins de purificação, é mencionado no capí­tulo cinco do livro de Números. No caso de certos pecados, "o sacerdote tomará água santa num vaso de barro; também tomará o sacerdote do pó que houver no chão do tabernáculo, e o deitará na água". Vers. 17. A "água santa" assim preparada é chamada "água amarga" nos versos 18, 19 e 23. Conquanto não seja necessário entrar em detalhes a respeito da aflitiva cerimônia mencionada neste capí­tulo, chamamos a atenção para o versí­culo vinte e três. O sacerdote devia escrever estas maldições num livro, e depois, "com a água amarga as apagará".

Ao passo que o sangue é mencionado no Velho Testamento como a purificação do pecado, a água é mencionada da mesma maneira.

 

A pia situada mesmo diante do tabernáculo; a água usada na cerimônia da bezerra ruiva; a água amarga usada para apagar o pecado segundo se registra no capí­tulo 5 de Números, testificam do emprego da água para purificação cerimonial. Está escrito a respeito de Cristo; "Este é aquele que veio por água e por sangue, isto é, Jesus Cristo: não só por água, mas por água e por sangue". I João 5:6. Na crucifixão, "um dos soldados Lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais". João 19:34 e 35. A água batismal, a preciosa ordenança da humildade, ainda nos salva"... não do despojamento da imundí­cia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus". I Pedro 3:21.

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