O não saber

    Algumas vezes pessoas que se deparam com algo que não se espera, não conseguem aceitar as coisas da forma que não previam. Um casal pode ser destruído pelo ato de esconder coisas que façam com que alguém do relacionamento sinta que não saiba nada mais daquilo que anteriormente acreditava.

    A realidade interior de cada um deve ser cuidada, e esse cuidado costuma se adequar a verdade. A verdade no momento mais inicial de todas as coisas é um facilitador para que a realidade interior de alguém possa se adequar ao ambiente emotivo que está adentrando. Os grandes dramaturgos sabem da força que existe no ato de esconder informações que seriam importantes para diversas pessoas, e utilizam em seus romances dando um grande tempo entre o acontecimento, a mentira ou a ação de encobrir, a mudança da pessoa que encobriu, de forma que tal pessoa não tem mais os costumes que antigamente possuía, e depois a descoberta, fazendo com que o outro considere estar vivendo uma mentira, ou perdendo-se em um vazio de realidade falsa.

    Neste vazio de realidade falsa, é possível o dramaturgo criar todo tipo de pensamento no descobridor, e estes podem ir desde a amargura profunda em extrema depressão até o mais violento ato de destruição que se possa imaginar. E isto não é dramaturgia, é um fato real que depende do tamanho da crença que um indivíduo tenha em uma dada verdade, e a descoberta que tal verdade é uma mentira. O vazio da realidade falsa é extremamente angustiante para aquele que nota que a sua verdade é uma mentira, e mais, é quando a verdade é verdade, mas o objeto encoberto e descoberto viola a razão daquela verdade, a ponto de no início viver uma mentira, após anos estar naquela verdade, e depois de descoberto a mentira, considerar a verdade atual como mentira. Este estado de vazio, pode definir ao indivíduo a falta de necessidade em viver, pois para ele o que é viver? Pois se não se sabe o que é, acaba achando que nada tem sentido e nisto devaneia em qualquer posicionamento, pode entender a realidade ou ter surtos psicóticos profundos.

 Vivemos em comunidades com diferenças de conceitos e diferenças de ideologia. Um conceito de relacionamento antigo, pode não ser o tipo de relacionamento que se deseje atualmente. Mas deve se ter em mente que o ato de estar em um tipo de relacionamento envolve esclarecimento sobre o tipo que se está vivendo com os envolvidos no relacionamento. Um exemplo seria o sistema antigo em que o homem era o mantenedor e envolvia-se com a moça delicada e ingênua. Se uma mulher não vive este tipo de relacionamento, deve ser clara em não considerá-lo com seu modo de ser, mas em média mulheres que não fazem tal estilo fingem-se ser tal pessoa, conseguindo as benesses desse homem, e como não pode-se fingir sempre quem não se é, então tal pode ser descoberta, e o engano pode gerar situações ruins. Assim, seja como for o sistema de cultura de um grupo, deve-se definir corretamente qual o seu sistema cultural sobre envolvimento.

Impor a alguém um sistema cultural de relacionamento, não é justo, ludibriar um grupo ou indivíduo a teatralizar uma vida ou cultura que não se tem, também não é justo. Assim não podemos obrigar a ninguém seguir meu modo de ver as coisas, mas também não posso enganar alguém dizendo que vivo da forma como ele vê uma cultura de relacionamento, se a vida do indivíduo não compactua com tal ideologia.

Muita das vezes costumamos observar as coisas pelo cunho repressivo da antiguidade, e gerenciar a necessidade de ir contra, apenas por causa do sistema repressivo. Os conceitos de relacionamento tem que ser visualizados em uma análise ampla, na sociedade. Se necessitamos da sociedade para viver, necessitamos entender que a individualidade e a liberdade devem ser anexadas a melhoria desta sociedade. Assim a grande pergunta é se o modo de viver de uma pessoa favorece a melhoria da sociedade em que esta inserida?

Como podemos mensurar a ação de modificação de relacionamentos? Averiguando a mentalidade de uma sociedade, e suas ações mediante a modificação de sua cultura. Um indicador importante é o quanto as pessoas de uma sociedade auxiliam as outras pessoas. Se em uma cultura os indivíduos deixam de auxiliar seus semelhantes, então a cultura integrada, esta desintegrando a sociedade. Outros fatores são os idealismos, e esperanças, quando não se tem mais idealismos, ou esperanças as perguntas como "qual o objetivo da vida", se tornam tão gritantes, que podem levar ao suicídio, apatia, depressão, e ate mesmo assassinato.

Mas o que alguém faz de suas escolhas sexuais afeta a sociedade? Imagine que uma pessoa jogue lixo no chão, ao olhar para aquilo pode parecer que não tem um efeito ruim, agora imagine que milhares de pessoas joguem lixo no chão, tal pode causar um gerador de doenças como a peste negra, na idade média. A ação não pode ser analisada como "santo" ou  "pecador". Mas sim socialmente benéfico ou socialmente maléfico. Que é racional que as sociedades estão mudando em seu conceito sexual, isso é real, mas o quanto dessa mudança é prático para desenvolvimento e o quanto é ilusão?

Enquanto seja uma discussão extremamente gigantesca definir o que é realidade e o que é ilusão, podemos utilizar o conceito padrão. Neste conceito, quando um indivíduo lança um avião em um prédio, e este prédio é destruído, considera-se realidade a morte e sofrimento dos indivíduos que sofreram o atentado. E ilusão que o lançou o avião, esteja ao lado de Allah, com sete virgens. Utilizando este princípio de realidade em que fatores físicos são reais, e imaginários são ilusões, então podemos determinar que o beijo na boca é um ato de ilusão, e a união do espermatozóide com o óvulo é um fato físico. Enquanto que o beijo não tenha de forma. Poderia se ter uma ação de beijar em qualquer outro lugar sem que haja uma alteração real. Mas se a ação sexual não seguir certas normas, não é possível haver a fecundação.

Deve-se então acabar com os conceitos imaginários e viver sobre os conceitos reais? A resposta seria não, pois o homem é um indivíduo que necessita dos conceitos imaginários, como fé, amor, esperança e outros. O que se deve fazer é utilizar tais sistemas imaginários para o desenvolvimento do real. Ter a esperança de que o Brasil, será um pais melhor é mais útil na realidade do que desenvolver a idéia de que será pior.

Mudar é uma característica natural do ser humano, mas mudar não quer dizer evoluir. Mudar é uma coisa evoluir é outra. Mas a maioria das pessoas que mudam consideram automaticamente que evoluíram. A falta de um auto-questionamento gera um sistema impositivo e não racional.

Sexo, sexualidade, imaginação.

Enquanto existe as questões naturais, como respirar, beber, comer e outras. Existem as questões relacionadas a imaginar, como modos de respirar, imaginações do que beber e comer. Assim o sexo pode ser imaginativo e virar sexualidade, como comer pode virar Gourmet. Ou seja a base da sexualidade esta na imaginação. Poderia se discorrer diversas análises temporais, políticas, sociais, religiosas e outras, mas o foco é a imaginação. Uma característica básica do ser humano. Mesmo sendo básica, existe outra característica básica que é a razão. A decisão envolve a liderança destas duas características básicas. Esta a razão sobre a emoção ou a emoção sobre a razão? Alguns poderiam idealizar que a razão e a emoção coexistem por igual. Mas isto é impossível, enquanto que a razão pode ficar silenciosa, a emoção por sua ação natural humana é explosiva, nasce sem aviso, é inesperada, incompreensível. Se não fosse assim não seria emoção. É lógico portanto que a razão seja dominadora da emoção. Mas se a lógica é uma ferramenta da razão, por que deveria usar ferramentas da razão, ao invés de usar o sonho que é uma ferramenta da emoção? Novamente poderíamos rodear filosoficamente nestes casos e não chegar a um ponto fixo. Vamos portanto partir de um princípio, se estou escrevendo este texto então estou utilizando a emoção ou a razão? A resposta é ambas. O princípio envolvente é quem esta dominando? A clareza é determinar que a razão controla minha imaginação para seguir uma forma lógica de expressar. Então neste princípio que é lógico irei considerar a razão o princípio preponderante. Dando credenciais para razão por um mero parâmetro axiomático, para que possa caminhar em algum princípio, ao invés de principio nenhum.

Examinar o sistema imaginativo do homem é uma questão extremamente complicada se não dizer impossível. É a imaginação a ferramenta que foge as leis do universo. Mas por ela podemos fazer descobertas, que seriam impossíveis sem ela. Assim quando a imaginação encontra uma resposta na razão se encontrou uma descoberta que pela lógica poderia necessitar milhares de anos.

E o que isso tem a ver com sexo, e sexualidade? Tem a mesma forma que um alimento pode ser saudável, ou nocivo. Novamente podemos brincar o que é nocivo e o que é saudável. A velha questão aristotélica de quebrar conceitos. Seja em qualquer ponto que analisemos sempre iremos encontrar a dualidade. Um objeto dicotomizado, penso na mitologia o conceito de Janus, um ser da dicotomia, determinando o fim, e o início. Quando algo é inicio e quando algo é o fim, o fim é o início ou o início é um fim? Acabo sempre idealizando sempre no maior dos deuses mitológicos e o mais antigo, o Caos (χάος). O que posso dizer é que a sociedade esta em relação a sexualidade baseado neste primeiro deus mitológico. No conceito do caos poderia analisar a sexualidade de diversas formas de diversas maneiras sem ao menos chegar ao mero conceito prático. Pois vivenciando a autoridade pelo sentimento estamos dando poder ao Caos (χάος). O caos é correto ou errado? As duas coisas, o caos é o variável, o inesperado, uma moeda que cara gera morte e coroa a vida, e é jogada ao ar. Então a lógica é o correto? Quem diz que a lógica não é o caos que achamos que não é?

Assim não importa o que fazemos sempre terá que haver uma imposição sobre conceitos. E essa terá que ser pela lógica, pelo simples equilíbrio que todos vivenciam entre a mente e os sentidos. Por exemplo, se alguém explode uma bomba atômica sobre a cabeça de um indivíduo, nossos sentidos determinam que este indivíduo morreu. E baseado nesta premissa comparativa irei construir o posicionamento sobre sexualidade.

Devido a grande imposição hipócrita sobre o assunto irei parafrasear a sexologia na visão do ato de se alimentar. Como uma parábola, tendo a visão que os conceitos são expressos como sexo e sexualidade.

Vamos expressar alguns fatores:

1. Um alimento saudável

2. Um alimento insalubre

3. Um veneno

A. Felicidade

B. Tristeza

>Maior tempo de vida

<Menor tempo de vida

Vamos agora construir 1A significa que uma pessoa esta feliz em comer um alimento saudável. Assim 1B<1A ou seja uma pessoa que é feliz comento um alimento saudável, vive mais que uma pessoa que é triste comendo um alimento saudável. Agora podemos brincar, que 2B<2A, ou seja uma pessoa que é feliz comento um alimento insalubre vive mais que uma pessoa que é triste comento um alimento insalubre. A mesma coisa ocorre entre 3B<3A, mesmo que seja poucos segundos. Assim B<A, ou seja a felicidade é um fator inegável. Vamos agora analisar de outra forma 2A<1A, ou seja duas pessoas felizes o alimento insalubre reduz a expectativa de vida, o mesmo acontece 2B<1B, o que também se pode colocar que 3B<2B<1B e 3A<2A<1A, de forma que é inegável que 3<2<1, assim o princípio da lógica é utilizar 1A.

A questão portanto é a pessoa pode usar 3A? Pode não é lógico mais pode. Isso também para 2A, mas o ideal para uma entidade em busca de evolução é 1A. Assim poderia ser discorrido horas e horas, e livros sem fim sobre a filosofia da sexualidade, pois esta filosofia engloba a ilusão do ser humano, um poço sem fundo. Sabendo de antemão que este poço é sem fundo, deixo a característica básica, mesmo utilizando regras da lógica em conceitos filosóficos, no fundo sabemos que a ilusão possui um fim físico, se não fosse assim 3B<1A.

Assim no meu modo de compreender, todas as coisas, do homem devem buscar o parâmetro 1A. A procura do 1A é o princípio evolutivo, todas as outras correspondem apenas a mudança. E como citei, mudança não define evolução, mas toda evolução define mudança.

 

Rubens Nunes Caputo

 
     
Veja Mais dados Novos Conteúdos