Há, hoje, uma crença de que, cerca de 12 milhões de anos atrás, viviam em diferentes regiões da Europa, Ásia e África pequenos macacos * não mais de um metro de altura * cujo desenvolvimento teve importante significado com relação ao homem.

Vivendo inicialmente nas florestas, delas foram se afastando para morar nas savanas. Dotado de algumas habilidades, como atirar objetos nos inimigos, carregar bebês e alongar-se para vigiar a redondeza contra perigos potenciais, o Ramapitbecus, graças à seleção natural, foi se tomando cada vez mais bípede. E, à medida que isso ocorria, seus pés iam se adaptando para caminhar com mais segurança.

Essa evolução, se trouxe aspectos positivos, trouxe também dificuldades: ao desenvolver a capacidade de pisar, os pés do bebê Ramapithecus iam perdendo a capacidade de agarrar; dessa forma, o sistema de "grudar" na mãe através de quatro mãos-patas ia sendo desativado, criando dificuldade no transporte. A saída foi um aperfeiçoamento da postura ereta, com a finalidade de liberar duas mãos da mãe para carregar o bebê; por meio de seleção natural.

Com as mãos livres * que o andar ereto propiciava*, que faziam os primatas? Carregar bebês, por mais atraente que fosse, não era tarefa de tempo integral, especialmente para os machos... Tudo leva a crer que carregavam ferramentas, com o objetivo de defesa e talvez de ataque: frágeis e sem a rapidez de tantos quadrúpedes predadores, os bípedes peludos contavam com pedras e pedaços de pau para conseguirem impor-se ao meio ambiente agressivo.

As descobertas de fósseis não seguem a ordem de um roteiro preestabelecido, nem a vontade dos pesquisadores. Ocorrem, apenas. Como nas minas que passam a ser superexploradas quando um veio promissor é encontrado, inúmeros acampamentos são montados em regiões próximas ou equivalentes àquelas onde importantes descobertas são feitas. Dessa forma, não é de estranhar a enxurrada de descobertas a respeito de determinados temas que ocorrem de forma quase simultânea.

Será essa a razão da enorme quantidade de descobertas sobre um determinado período e da quase inexistência delas sobre outros? À provável.

Evolução do homem, do Ramapithecus aos nossos dias, segundo o atual estágio das pesquisas arquológicas

Mas, mesmo assim, há pontos de difícil explicação. Para falar mais honestamente, há períodos a respeito dos quais sabemos fazer excelentes perguntas, às quais entretanto somos incapazes de fornecer alguma resposta mais elucidativa.

Um desses períodos dura milhões de anos e vai desde as descobertas do Ramapitbecus até cerca de 3000000. Nessa data foram descobertos fósseis daqueles que se convencionou chamar de Australopithecus africanus e Australopithecus bolsei. Logo se pensou serem esses ancestrais diretos doHomo sapiens Contudo, em 1972, no Quênia, foi encontrado fóssil que, reconstruído, demonstrou ter características físicas bem mais "modernas" que os Australopithecus; e, para felicidade e excitação dos pesquisadores, foi datada da mesma época que eles.

Contemporâneo e não descendente, o Homo habilis (como passou a ser chamado) é um individuo de grande capacidade craniana e postura quase humana. A partir dessa descoberta, pesquisadores como Leakey tendem a achar que os dois, o Australopthecus e o Homo hablis, descendem igualmente do Ramapithecus, cujo tronco principal teria se diversificado há cerca de 5 ou 6.milhões de anos, devido a alterações climáticas ou outras mudanças ambientais.

Nesse caso, cabe aqui a seguinte pergunta: Por que a linha Homo obteve tamanho sucesso, enquanto a linha Australopithecus desapareceu?

Não há resposta para isso, ao menos por enquanto. E talvez jamais venha a existir resposta alguma. Mas seria muito bom que os jovens leitores encontrassem nisso não uma razão de irritação, mas um estímulo no sentido de colaborar para a construção do saber. Tarefa, por sinal, difícil.

Queremos desde já esclarecer que os esqueletos de milhares de anos não ficam inteirinhos e reluzentes aguardando a chegada do cientista ou do curioso. De resto, todo bom cientista sabe que o local do encontro do fóssil indica o local onde as criaturas se fossilizaram e não necessariamente onde elas viveram.

Algumas convicções, pelo menos, existem. E uma delas, já bem cristalizada, é de que a África foi o berço da humanidade.

 

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