A partir de meados do ano 100, Roma começa a sofrer um período de grande turbulência política e social que só terminará com a nomeação de César para ditador. Nesta época Roma era governada por Mário, eleito cônsul pela sexta vez consecutiva. Em 88, Mário foi derrubado por Sila, que se torna cônsul. Sila deixa Roma no comando de uma expedição contra Mitridates IV, quando Mário aproveita sua ausência para voltar a Roma e reassumir o governo, sendo eleito cônsul pela sétima vez. Contudo, Mário morre logo em seguida, em 86. A partir daí, o governo passa para as mãos dos populares, provocando uma violenta reação da aristocracia e um caos político que durou 4 anos. Em 83, Sila retorna de sua campanha na Ásia Menor e reassume o governo, fazendo-se nomear ditador pelo senado, por tempo indeterminado, iniciando um período de terror em que eliminou um grande número de adversários, particularmente entre os populares. Segundo Plutarco, César só escapou de ser proscrito e executado devido à sua juventude e ao fato de sua família não gozar de expressividade nos meios políticos. César, nesta época com 19 anos, entra para o exército como soldado de cavalaria, e é designado para um posto na Anatólia ocidental. Como era filho de senador, foi designado para uma missão importante na Bitínia, onde recebeu a incumbência de conseguir uma esquadra junto ao rei Nicomedes IV para auxiliar a campanha contra Mitridates. Durante a conquista da cidade de Mitilene, entrou em combate pela primeira vez e ganhou a coroa cívica, aparentemente ao salvar a vida de um companheiro de armas. Sila permaneceu no poder por apenas quatro anos, e seu maior projeto foi o restabelecimento da república, com o fortalecimento da oligarquia senatorial. Após a morte de Sila, em 78, César retorna à Roma, onde permanece até 75, quando parte para Rhodes para estudar retórica com Apolônio Mólon, que havia sido professor de Cícero. Durante o trajeto, é capturado por piratas, que posteriormente derrota e crucifica. Quando eclode nova guerra no oriente, durante a terceira campanha de Mitridates contra as tropas romanas, César deixa Rhodes e, agindo sem ordens oficiais de Roma, monta um exército por conta própria, e acaba e por unir-se às forças oficialmente designadas para conter a agressão.

A partir daí aparecem em cena as figuras de Pompeu e Crasso, que passam a dominar a cena política romana. Retornando a Roma, César começa a pavimentar seu caminho para o poder. Em 73, torna-se membro do corpo de sacerdotes. Em 69, serve como questor na Espanha. Nesta época, começa a fazer elogios à Mário, o que gera descontentamento na aristocracia que passa a vê-lo como um perigo ao seu poder. Em 67, casa-se com Pompéia para obter fundos para manter-se no cargo de questor. Retorna a Roma em 65, quando torna-se edil das obras públicas e passa a gastar grandes quantias (com fundos provenientes da fortuna de Crasso) nos divertimentos públicos, o que lhe angariou a simpatia do povo. Através da popularidade conquistada, elege-se Pontifex Maximus em 63. A seguir, em 62, é eleito pretor. Retorna à Espanha, onde obtém grandes triunfos militares sobre rebeldes, o que lhe vale um triunfo votado pelo senado. Porém, César percebe que o triunfo era apenas uma manobra política para impedi-lo de alcançar o consulado, já que por lei o triumphator deveria permanecer fora dos muros de Roma até o dia do triunfo, que ocorreria somente após as eleições. Contornando esta restrição, César antecipa a data do triunfo. Entretanto, todo este cuidado revela-se inútil, e César não obtém o desejado cargo de cônsul devido a manobras do senado. Consegue, no entanto, o cargo de governador da Espanha.

Em 60, César retorna à Roma, e aproveitando o descontentamento de Pompeu com o comportamento do senado, que lhe negou a recompensa devida aos soldados de seu exército vitorioso e não ratificou seus tratados, assim como a de Crasso, que apesar de sua riqueza não obteve a permissão de montar um exército para sua glória pessoal, monta com estes dois uma coalizão que virá a ser conhecida como primeiro triunvirato, com o objetivo de satisfazer as ambições de seus dois aliados e finalmente alcançar para si mesmo o tão almejado consulado, o que consegue em 59. Após o seu consulado, César foi nomeado procônsul das Gálias e da Ilíria, em 58.

2. Gália em 60 a. C. Logo após assumir o governo da Gália, César teve de enfrentar uma massiva migração de helvécios, que fugindo dos bárbaros germânicos, saíram da região de Geneva em direção ao sul da Gália. César enfrentou-os em Bribacte, derrotando-os por pequena margem. Na mesma época, teve de combater também as forças do chefe germânico Ariovisto, que venceu numa batalha perto de Osthein, a leste do Reno. Sua vitória contra os helvécios e os germânicos valeu-lhe a gratidão dos gauleses, o que fez com que César considerasse a libertação da Gália como a conquista da região, passando a organizá-la imediatamente sob a autoridade romana, sob o pretexto de que só assim poderia defendê-la de novos ataques germânicos. Tal atitude não foi bem recebida pelos gauleses, que temendo perder sua autonomia rebelaram-se, pedindo inclusive a ajuda de várias tribos belgas. César derrotou todas as tentativas de rebelião, e em 56, o senado romano declarou a Gália como província romana.

Em 55, César traça um plano com Pompeu e Crasso na cidade de Luca para que os mesmos disputassem o senado naquele ano. Ficou estabelecido que Pompeu seria governador da Espanha; Crasso, o da Síria, e que César teria seu mandato como governador da Gália renovado por mais cinco anos. Com a situação mais ou menos estabilizada, César pôde voltar-se novamente para os problemas na Gália, que sofria novas invasões germânicas. César derrotou os invasores e perseguiu-os até o Reno. Seus engenheiros construíram uma ponte sobre o rio e César cruzou-o e promoveu um massacre indiscriminado, matando inclusive mulheres e crianças, num número estimado de 370.000 mortes, para servir como exemplo às outras tribos germânicas. O massacre foi tão expressivo que gerou protestos até mesmo em Roma, fazendo com que os senadores qualificassem César com os epítetos de "bárbaro" e "desumano". Catão chegou a pedir que o conquistador fosse entregue aos germanos para expiar seus excessos, sob pena de toda a Roma incorrer na ira dos deuses. Nesta mesma época, César invade a Bretanha com uma pequena força, mas não estabelece uma base firme na ilha.

3. Mapa da França atual Em 52, quando César estava aquarte-lado com uma pequena força no norte da Itália, foi surpreendido por uma sublevação em larga escala na Gália, comandada por Vercin-getórix. Com as forças gaulesas entre ele e o grosso de seu exército, estacionado no norte da Gália, César transfere o comando para Bruto e arrisca tudo numa corrida temerária através da região sublevada até alcançar seu exército, e inicia imediatamente a reação, sitiando, capturando e saqueando várias cidades, matando a população e abastecendo-se com a pilhagem. Sua sorte mudou em Gergóvia, quando, derrotado, foi obrigado a recuar, perdendo o apoio de várias tribos, entre elas a dos Àduos, que atraiçoando-o, tomaram-lhe várias bases e preparam-se para expulsá-lo da Gália Narbonense. Acuado, César decide arriscar tudo num ataque à Alésia, quartel-general de Vercingetórix, onde havia aproximadamente oitenta mil guerreiros gauleses. Logo após cercar a cidade com um número aproximado de setenta mil soldados, soube que uma força gaulesa de reforço, com um número atualmente estimado em duzentos e sessenta mil homens, dirigia-se para Alésia para socorrer Vercingetórix. César ordenou a construção de duas barreiras concêntricas em torno da cidade, compostas de vários tipos de fortificações e armadilhas, numa obra de engenharia colossal, e dispôs suas forças entre elas. As forças gaulesas atiraram-se várias vezes contra as muralhas, dos dois lados, inutilmente. Após quatro batalhas, o exército de socorro desorganizou-se e dispersou-se, e justamente quando os suprimentos do exército de César chegavam ao fim, Alésia rendeu-se, castigada pela fome. Vercingetórix entregou-se a César, foi aprisionado e levado para Roma, onde foi exibido por César em triunfo, morrendo após seis anos como prisioneiro dos romanos. A conquista da Gália acrescentou ao império romano uma região duas vezes maior que a própria Itália. Salvou Roma das invasões bárbaras por quatro séculos, e elevou César a um degrau inimaginável de prestígio e poder.

4. Moeda com a efígie de César Em 53, com a morte de Crasso, o equilíbrio que mantinha o triunvirato extinguiu-se, provocando a luta pelo poder entre Pompeu e César. Os laços que os uniam foram ainda mais enfraquecidos pela morte da esposa de Pompeu, Júlia, filha de César. A partir daí, a luta pelo poder entre os dois não mais parou até a morte de Pompeu. O mandato de César como comandante expirava em 49, e como César não podia voltar a Roma com suas tropas e nem se candidatar a cônsul antes da expiração do mandato, teria de desmobilizar as suas tropas para poder concorrer ao cargo. Sabendo que sem suas tropas sua carreira e mesmo sua vida não teriam bom termo, César desobedece a ordem de desmobilização e desafia o senado, atravessando o Rubicão em 10 de janeiro com uma de suas legiões. Prossegue em sua marcha para Roma, enfrentando pouca ou nenhuma resistência, e conseguindo, ao longo do caminho, mobilizar mais algumas legiões. Assustado com a adesão de quase todas as cidades à causa de César, Pompeu desiste da luta e foge de Roma, na esperança de reorganizar suas forças e, através de um bloqueio naval, forçar César à rendição. César entra na cidade desarmada em 16 de março. À nomeado ditador, título que rejeita após ser nomeado cônsul para o período de 48. Persegue Pompeu até a Grécia, onde derrota suas forças em 9 de agosto de 48, em Farsália. César então persegue-o até o Egito, para impedir que se juntasse às forças de Catão. Entretanto, ao chegar a Alexandria, é presenteado com a cabeça de seu adversário, o que lhe provoca profunda repulsa e desgosto.

5. Moeda com a efígie de Vercingetórix

César permanece algum tempo no Egito, onde se envolve com Cleópatra. Em 45, derrota os últimos partidários de Pompeu em Munda, e é declarado ditador perpétuo. O grande prestígio de César, o enorme acúmulo de títulos e cargos, e o seu envolvimento com a rainha do Egito, fez com que a aristocracia romana temesse que César se autoproclamasse Imperador, apesar de todas as recusas do mesmo em aceitar semelhante título (não confundir com o título de imperator, ou comandante de tropas). Sua tradicional aversão à monarquia acabou por levar a uma conspiração e ao assassinato de César em 44.

 

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