Ilustração do Códex CalixtinusPara se compreender a origem do Ano Santo, é preciso conhecer o contexto histórico e religioso dentro do qual ele nasceu. No ambiente cultural e social da Idade Média européia, sob a influência da Igreja Católica, a consciência do pecado e a necessidade de libertar-se de sua culpa eram sentimentos bem concretos e mais importantes na mente da população do que são hoje.

Na época medieval a Igreja concedia indulgências, isto é o perdão dos pecados por meio de favores ou dinheiro concedidos a igreja, em algumas situações. Recebiam o perdão, por exemplo, os fiéis que participavam das Cruzadas, bem como os que ajudavam a construir um templo. Eram perdoados também os pecados das pessoas que peregrinavam a um santuário ( a pé ou a cavalo) para cultuar as relíquias de um santo. Entretanto, na verdade, havia algumas bulas papais (1)que davam premissão para que pessoas de classes mais altas enviassem alguém para peregrinar em seu lugar. Obtinham assim o perdão "por procuração", sem precisar realizar pessoalmente a caminhada.

O papa Calixto II elevou a cidade de Santiago de Compostela à dignidade metropolitana (sede de um arcebispado) e, em 1119, concedeu à Catebral de Santiago o privilégio do Jubileu Pleníssimo ou Ano Jubilar, mais conhecido como Ano Santo. Isto significa que o peregrino que caminhar a Santiago durante um ano decretado como ano Santo, terá os seus pecados perdoados.

Calixto II tinha importantes vínculos com a Espanha, era cunhado de Dona Urraca, influente e poderosa rainha de León e Castela. Ela era filha do rei Alfonso VI, e mãe do rei Alfonso VII, dois monarcas espanhóis que muito apoio deram às peregrinações a Compostela. Além de conceder o Jubileu, o papa declarou a Peregrinaçào Compostelana como uma das chamadas peregrinações maiores, juntamente com as de Roma e Jerusalém (cujos peregrinos eram chamados respectivamente de romeiros e palmeiros). O primeiro Ano Santo, no qual foi dado o perdão aos peregrinos de Compostela, foi o de 1126.

O papa Alexandre III, em 1179, declarou perpétuo o Jubileu de Santiago de Compostela. Seu objetivo foi prestigiar o santuário e proporcionar aos fiéis peregrinos um meio de obter o perdão de seus pecados. Em 1332 o papa João XXII, em Avignon, editou uma bula concedendo indulgência também, às pessoas que ajudassem os peregrinos com hospedagem, além de conceder um Ano Santo Compostelano extra, como já ocorreu, por exemplo, em 1885 e em 1938.

À considerado Ano Santo de Compostela todo ano que o dia 25 de Julho, dia do martírio de São Tiago, cai em um domingo.


Anos Santos do século XX ao XXI:

1909 1915 1920 1926 1937 1943 1948
1954 1965 1971 1976 1982 1993 1999
2004 2010 2021 2027 2032 2038 2049
2055 2060 2066 2077 2083 2088 2094

(1)Bula Papal: Carta patente que contém decreto pontifício.

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