Pelos conhecimentos atuais supõe-se que a primeira atividade agrícola tenha ocorrido na região de Jericó, na Cisjordânia (hoje sob a tutela de Israel), num grande oásis junto ao mar Morto, há cerca de 10 mil anos. A crença no Egito como berço da agricultura já não tem tantos seguidores. A dificuldade em estabelecer uma certeza a esse respeito decorre da inexistência de documentação indiscutível: os trigais desaparecem com o tempo. Só através de comprovações indiretas * ruínas arqueológicas de silos, onde os cereais eram armazenados * é que se pode tentar datar o início de uma atividade agrícola sistemática.

De qualquer forma, através de difusão ou de movimentos independentes, supõe-se que o fenômeno tenha surgido também na Índia (8 mil anos), na China (7 mil), na Europa (6 500), na África Tropical (5 mil) e nas Américas (4500).

Os produtos cultivados variavam de região para região, com a natural predominância de espécies nativas, como os cereais (trigo e cevada), o milho, raízes (batata-doce e mandioca) e o arroz, principal mente. Uma vez iniciada a atividade, o homem foi aprendendo a selecionar as melhores plantas para a semeadura e a promover o enxerto de variedades, de modo a produzir grãos maiores e mais nutritivos do que os selvagens.

Por que se fala em revolução agrícola? Porque o impacto da nova atividade na história do homem foi enorme. E não se trata apenas de mera questão acadêmica, mas de algo muito real e palpável como o próprio número de seres humanos sobre a face da Terra.

De fato, nos sistemas de caça e coleta estabelece-se um controle demográfico resultante da limitação da oferta de alimentos. Não é por não existirem alimentos na natureza, mas porque sua obtenção toma-se extremamente mais complicada para grandes grupos (como já vimos em capítulo anterior).

Além disso, o caçador e o coletor não podem chegar ao extremo de dizimar suas reservas alimentares (animal ou vegetal) sob pena de prejudicar a reposição ou reprodução; a técnica de caça, sendo levada para além de certos limites, pode criar um desequilíbrio ambiental. Nós, "civilizados", sabemos disso, pois já conseguimos destruir raças e espécies inteiras de animais, graças a técnicas sofisticadas de caça. Viver em simbiose com a natureza significa, exatamente, respeitá-la.

Há outro fator que determinava o controle populacional: em grupos de caçadores e coletores, crianças pequenas constituem empecilhos tanto para a fácil locomoção da tribo (que precisa, como já vimos, ter grande mobilidade) como para a própria obtenção do alimento. Elas não podiam caçar e atrapalhavam as mães nas longas caminhadas que precisavam ser feitas para a busca de raízes, caminhadas tanto maiores quanto maior fosse o grupo e mais tempo estivesse acampado no mesmo local.

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