A LEI

Todo o cerimonial do santuário se realizava com referencia à lei de Deus, conservada na arca, no compartimento interno do tabernáculo. Foi precisamente pela violação dessa lei que tiveram de ser instituí­dos os sacrifí­cios. "Quando uma alma pecar por erro contra alguns dos mandamentos do Senhor, acerca do que se não deve fazer, e obrar contra alguns deles; se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá pelo seu pecado, que pecou, um novilho sem mancha, ao Senhor, por expiação do pecado". Lev. 4:2 e 3.

Foi a transgressão dos "mandamentos do Senhor" que tornou necessário o sistema de sacrifí­cios. Foi o pecado contra a lei de Deus que deu iní­cio ao ritual do templo. O pecado era o motivo dos sacrifí­cios matutinos e vespertinos, do cerimonial do Dia da Expiação, do oferecimento do incenso e dos sacrifí­cios individuais pelos pecados particulares. E o pecado é a transgressão da lei.

O amado João teve uma visão do templo de Deus no céu. Viu ali a lei de Deus, "a arca do Seu concerto". Apoc. 11:19. A lei ocupa lugar preeminente, mesmo no céu; a tal ponto que o templo é chamado "o templo do tabernáculo do testemunho", não o templo do incenso, nem do sangue, nem si quer da arca. é "o templo do tabernáculo do testemunho", o templo da lei de Deus. Apoc. 15:5.

A cidade mais sagrada do Velho Testamento era a cidade que Deus escolhera como Sua morada. O lugar mais sagrado daquela cidade era o templo. O lugar mais sagrado do templo era o santí­ssimo. O objeto mais sagrado do santí­ssimo era a arca dentro da qual estavam as tábuas de pedra sobre que Deus escrevera com Seu próprio dedo os dez mandamentos, a lei da vida, os oráculos de Deus. Essa lei era o centro em cujo redor girava todo o cerimonial, a base e a razão de todo o ritual. Sem a lei, o ritual do templo não teria significação alguma.

 

 

A lei é uma expressão do caráter, uma revelação do espí­rito. Por esta razão a lei de Deus é importante. é parte de Deus, por assim dizer. Revela-O. é um transunto de Seu caráter, uma expressão finita do infinito. Nela se nos dá um vislumbre do próprio pensamento de Deus; uma visão da base de Seu governo. Assim como Deus é eterno, são eternos os princí­pios da lei. Assim como Deus é eterno, são eternos os princí­pios da lei. Como Deus é imutável, é a lei imutável. E é preciso ser assim. A lei, por ser um transunto do caráter de Deus, não pode ser mudada a menos que se realize uma modificação correspondente em Deus. Mas Deus não pode mudar. "Eu, o Senhor, não mudo". Mal. 3:6. Em Deus "não há mudança nem sombra de variação". Tiago 1:17. "é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente". Heb. 13:8.

A lei de Deus, tal como se contém nos dez mandamentos, sempre foi um campo frutí­fero de estudo para os filhos de Deus. Numerosas são na Bí­blia as referências ao gozo que os santos de Deus encontraram ao contemplar a lei perfeita da liberdade. Longe de ser-lhes uma obrigação penosa, consideraram um prazer o contemplarem as coisas profundas de Deus. Ouçamos o salmista: "Amo os Teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino". "Maravilhosos são os Teus testemunhos". "Tu, pelos Teus mandamentos me fazem mais sábio que meus inimigos; pois estão sempre comigo. Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos Teus testemunhos". "A toda a perfeição vi limite, mas o Teu mandamento é amplí­ssimo". Sal. 119:127, 129, 98, 99 e 96.

Os dez mandamentos foram primeiramente proclamados por Deus no monte Sinai, e depois escritos por Ele em duas tábuas de pedra. (Êxo. 20; 24:12; 31:18). Essas tábuas foram postas na arca, no lugar santí­ssimo do santuário, diretamente sob o propiciatório, e cobertas por ele. (Êxo. 25:16 e 21). O que nelas estava escrito, segundo a versão Almeida, é o seguinte:

"Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.

1."Não terás outros deuses diante de Mim.

2."Não farás para Ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra,

 

nem nas águas debaixo da terra; não te encurvaras a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos.

3."Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão: porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão.

4."Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, eu está dentro das tuas portas; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.

5."Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

6."Não matarás.

 

7."Não adulterarás.

8."Não furtarás.

9."Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

10."Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo". Êxo. 20:2-17.

Os dez mandamentos não são decretos arbitrários impostos a súditos desgostosos. São, antes, a lei da vida, sem a qual a existência nacional, a segurança pessoal, a liberdade humana e mesmo a civilização, seriam impossí­veis. Com o correr do tempo isto mais e mais se tornará evidente.

Os mandamentos se dividem em duas partes. A primeira, abrangendo os primeiros quatro mandamentos, define o dever do homem para com Deus; e a outra, integrando os últimos seis mandamentos, define o dever do homem para com seus semelhantes. Cristo reconheceu esta divisão ao declarar que os dois grandes princí­pios da lei são o amor a Deus e o amor ao próximo.

 

"Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas". Mat. 22:37-40.

A ocasião em que Deus proclamou Sua lei no Sinai, constituiu o princí­pio de uma relação de pacto com Israel. Deus escolhera a Israel para que fosse Seu povo. Tirara-o do Egito e ia levá-lo á terra prometida. Prometera abençoá-lo e dele fazer uma nação santa e um sacerdócio real. Contudo, essas promessas estavam sujeitas à aceitação das mesmas em favor delas. Iriam eles, da sua parte, amar e obedecer a Deus? Iriam observar fielmente as condições do pacto? Eles se haviam familiarizado de uma maneira geral com a lei de Deus. Mas eis que Deus a proclama do céu, a fim de que não possa haver dúvida quanto ao que deles se espera. A santidade não deve depender da interpretação particular. Deus dá uma norma de justiça. Essa norma é perfeita. "A lei é santa, e o mandamento santo, justo, e bom". é uma expressão da vontade de Deus para com o homem. é a regra perfeita que contém todo o dever do homem.

Causa certa perplexidade encontrarem-se cristãos que se oponham à lei de Deus. Que objeção podem apresentar contra uma lei que ordena amar a Deus e ao homem, condena o mal e estimula o bem? Que objeção podem apresentar contra uma lei cujo autor é Jeová, cujo fim é a santidade, e que está encerrada no santuário de Deus? Poderí­amos esperar essa oposição da parte dos pecadores, porque a lei expõe e condena o pecado. Os cristãos, porém, estão noutro ní­vel. Com o salmista, exclamam: "Oh! Quanto amo a Tua lei! é a minha meditação em todo o dia". Salmo 119:97.

Assim como a lei em geral e o fundamento do governo, a lei de Deus é o fundamento do governo de Deus. Dez declarações claras e concisas proclamam todo o dever do homem. é uma constituição completa, concisa, perfeita. Nada se lhe pode acrescentar nem omitir.

A lei é emblema de segurança, estabilidade, fidelidade, uniformidade, igualdade. A ausência de lei significa o caos com os males que o acompanham.

 

O mundo está edificado sobre a lei, o universo obedece-lhe. A infração da lei universal significará o aniquilamento da criação de Deus. Cada parte está relacionada com todas as demais, e o que acontece num lugar reflete até aos confins do universo. Isto torna necessário a lei universal. Uma lei deve reger onde quer que exista a criação. Duas leis em conflito produzirão desastre.

A única lei moral fundamental do universo é a lei de Deus, contida desde toda a eternidade nos dois grandes princí­pios do amor a Deus e do amor ao homem. Estes princí­pios foram ampliados e aplicados à humanidade, e os dez mandamentos foram proclamados, para direção do homem, no monte Sinai. Constituem a lei básica da vida e da existência. Como foi dito já, não são exigências arbitrarias impostas por amor à autoridade. São o que Deus, em Sua sabia previsão, viu ser necessário para que os homens vivessem juntos, e se tornasse possí­vel a sociedade humana. E a atitude dos homens tem confirmado a sabedoria divina. O mundo tem demonstrado que a obediência à lei de Deus é necessária à existência, à segurança e à vida.

A Grande Guerra mundial foi uma demonstração disto. Os homens zombaram dos dez mandamentos. Ridicularizaram-nos. Começaram a matar-se e a destruir-se uns aos outros. Cada nação pensou que se vencesse a guerra, não somente obteria grande beneficio para si própria, mas sem duvida para o mundo inteiro. Mas o mundo ficou desiludido. Aprendeu que não há proveito no ódio e nas matanças. A Guerra Mundial foi uma afirmação categórica da insensatez de rejeitar os mandamentos de Deus. Não somente foram mutilados e mortos milhões de seres humanos, acumularam-se imensas dí­vidas, e chegou a ser iminente a catástrofe geral, como muitos se convenceram positivamente de que a continuação da guerra significaria o fim da civilização e da vida nacional. Espantaram-se os homens ante a magnitude da calamidade que se lhes antolhava. Começaram a crer que o mandamento: "Não matarás, não é um decreto arbitrário, mas uma das leis da vida. Guarda os mandamentos e viverás, rejeita-os e morrerás " foi a lição que aprenderam.

A mesma lição está sendo ensinada í s nações hoje. O crime é predominante, insolente, desafiador. Sempre houve homens perversos, mas nunca na escala em que os há hoje.

 

A criminalidade está agora organizada, e nalguns casos realiza verdadeiramente uma guerra contra a sociedade. Por vezes os criminosos estão melhor armados e organizados que as forças da lei e da ordem. Há bem pouco compreenderam os governos realmente que enfrentam agentes desintegradores empenhados em destruir a civilização. Estão agora fazendo todo o esforço possí­vel para desarraigar o mal, mas não lhes é fácil a tarefa. Ela é custosa; esgotante. Às vezes desalentadora; mas deve ser levada a feliz termo, ou o resultado será o desastre. As tentativas do governo para reduzir o suborno, desarraigar o ví­cio, deter a exploração, manter o caráter sagrado das relações de famí­lia, impor a honradez nas relações públicas, e para proteger a propriedade, é admissão da sua parte de que Deus tem razão, e de que os homens não devem mentir, nem roubar, nem cometer adultério; que a transgressão desses mandamentos conduz ao desastre e a desordem, e que o governo é justificado por tomar as medidas necessárias para melhorar as condições.

Toda iniciativa destinada a suprimir a criminalidade é um poderoso testemunho em favor da integridade e do valor permanente dos mandamentos de Deus. Homens e governos estão aprendendo que a criminalidade é má, que é custosa, que arruina e destrói. Essa é a lição que Deus quer que aprendam. E estão descobrindo a sua maneira o valor que tem o obedecer a lei. Nunca teve o mundo semelhante lição objetiva do custo do crime, o custo da transgressão. O próprio mundo nos proporciona o material da demonstração e paga o seu custo. Isto torna a lição tanto mais eficaz.

A lei é uma expressão da vontade, natureza e caráter do poder governante. Qualquer lei que não seja uma expressão tal, deixa de funcionar e caduca. A lei humana é geralmente resultado da experiência, de um propósito meditado, baseado no descobrimento do que é e deveria ser, e uma tentativa de formular em declarações concisas as regras de conduta e procedimento apropriados. Deve ter a vontade como fator básico, e ser uma expressão desta vontade, e também da natureza e do caráter do legislador. A lei, portanto, indica personalidade, e define e revela esta mesma personalidade.

A expressão "lei da natureza", como se emprega comumente, é enganosa, e deve-se empregar unicamente num sentido acomodado.

 

Corretamente falando, não existe lei da natureza, porque esta não tem vontade nem pensamento próprios, nem maneira de expressar tal vontade ou pensamento. O que se entende geralmente por "lei da natureza", é o processo ordenado pela qual a natureza age, o modo definido de conseqüências geralmente predizí­veis. O cristão crê que as leis da natureza são as leis de Deus, uma expressão de vontade pessoal, e que não dotam a natureza de atributos que pertencem somente a uma personalidade, a Deus.

A.H. Strong emprega uma ilustração que apresenta uma lição importante. Um cristão vê um eixo de transmissão fazendo girar uma maquinaria grande e complicada. Em suas tentativas por descobrir o que faz girar esse grande eixo, chega a uma parede de tijolos da qual o eixo sai, e além da qual não pode ir nem ver. Não tira, porém, a conclusão que o eixo vira por si mesmo. Não pode ver nem provar a existência do motor que há para além da parede e que comunica força ao eixo. Sabe, porém, que ali esta. O bom senso lhe diz. O homem que assevera ser estritamente cientifico e crer só o que vê, olha o eixo de transmissão e maravilha-se de seu poder inerente. O cristão também vê o eixo de transmissão, mas vê além do mesmo. Vê o invisí­vel, e sabe que há um poder oculto por detrás do eixo. Para ele isto é coisa simples, clara e nada misteriosa. Admira-se tão somente de que nem todos possam ver o que para ele parece ser tão evidente. Igualmente, através da natureza vê o Deus da natureza; e as leis são para ele simplesmente as leis de Deus.

A lei de Deus é um transunto da natureza divina, e como tal não é "feita" como o são as leis humanas, como tão pouco Deus é "feito". Não se pode dizer que a lei haja tido um princí­pio, como se não pode tão pouco dizer que Deus haja tido começo. Sendo uma revelação do que Ele é, sua existência é contemporânea de Deus. Só pode ser mudada se Deus muda. Não é provisória, como não o é Deus. Não é uma expressão de uma vontade arbitrária, mas a revelação de um ser. Não é local nem se limita a situações especí­ficas unicamente, assim como Deus não é local. é incapaz de modificação, visto representar a natureza imutável de Deus.

 

é imutável, santa e boa, porque Deus é imutável, santo e bom. é espiritual: é justa, é universal. A lei é tudo isso e deve sê-lo, por ser um transunto da natureza essencial de Deus.

Além da lei divina moral e escrita, há uma lei elementar impressa nas fibras mesmas de toda criatura moral, que não está escrita, e no entanto exerce autoridade. Existiu antes do Sinai, e é também uma expressão e um reflexo da natureza moral de Deus, se bem não seja tão clara como a lei escrita. Os pagãos que "não tem lei [ em forma escrita], fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os". Rom. 2:14 e 15.

Essa lei não escrita tem tanta autoridade que Deus é justificado por usá-la no juí­zo. "Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados". Vers. 12. Os pagãos "fazem naturalmente as coisas que são da lei"; isto é, têm um senso inerente do bem e do mal, e por esse senso são julgados. "Não tendo eles lei, para si mesmos são lei". Segundo a luz que tenham, ou poderiam haver tido, são julgados.

Essa lei elementar, conquanto não escrita, tem todas as caracterí­sticas da lei divina escrita, e, onde opera, possuí­ igual autoridade. Nenhum homem pode violar a lei natural e esperar escapar a suas conseqüências. As leis da natureza são invioláveis, e são administradas sem acepção de pessoas. Quem quer que cometa transgressão, seja prí­ncipe ou mendigo, paga a penalidade. Um rei que, sem sabê-lo ou deliberadamente se atira no espaço ao trepar uma montanha escarpada, despedaça-se contra as rochas tão certamente como seu súdito mais humilde. Os homens aprenderam a certeza da lei natural e confiam em sua uniformidade infalí­vel. Estão convencidos de que as leis da fí­sica, da matemática, da tensão, não variam da noite para o dia. Assim, planejam, edificam, vivem e trabalham, confiados na segurança da lei. E Deus não lhes falta com a lei. Os homens podem confiar em Deus e em Sua lei natural.

A lei moral não escrita é igualmente segura. A consciência dá testemunho de um poder superior ao do homem, uma força compulsora, um poder quase irresistí­vel.

 

Certo é que a lei moral, por atuar num reino superior ao fí­sico, não pode ser demonstrada imediatamente, e os efeitos da transgressão podem não ser tão aparentes como no caso da violação da lei fí­sica. Mas são, contudo, tão certos como estes.

Nem toda violação da lei fí­sica é castigada imediatamente. Se alguém toca um arame carregado de tensão elétrica é ferido de morte imediata. Outro viola a lei de sua existência quanto ao comer e ao beber, sem notar qualquer efeito imediato. Anos mais tarde, porém, notam-se os resultados. Conquanto sejam postergados, eles são certos e inevitáveis. Assim sucede com a lei moral. Os resultados das transgressões podem ser postergados. Mas chegam seguramente. Podem até não aparecer nesta vida, e ser reservados para o juí­zo vindouro. Mas em qualquer caso os resultados são certos e inevitáveis " a menos que interfira a graça divina.

A maneira de Deus agir tem sua razão. Se o castigo fosse aplicado sempre imediatamente, a formação do caráter seria muito estorvada, se não tornada impossí­vel. Cada pecado fí­sico, por pequeno que seja, tem em si a semente da morte. Se essa morte se produzisse imediatamente, lógico é que a pessoa afetada não teria oportunidade de aprender lição alguma da experiência. Por outra parte, os demais, sabendo que o resultado da desobediência seria morte imediata, se apartariam da transgressão, não por princí­pio senão por temor. A fim de dar aos homens oportunidade de arrepender-se dos pecados fí­sicos e de fazê-los sem que em sua decisão influa o temor da morte imediata, Deus deve postegar por algum tempo as conseqüências da transgressão. Assim o faz, e o resultado justificam o procedimento.

Este princí­pio é ainda mais aplicável à lei moral. Deus não deve executar o mastigo da transgressão da lei moral imediatamente, a fim de não viciar seu plano e tornar difí­cil senão impossí­vel a salvação. Embora seja as vezes certo que "visto como não se executa logo o juí­zo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal", Deus não precisa executar imediatamente o juí­zo, para que não aconteça produzir mais mal do que bem. Deus sabe o que faz. Impôs-Se a tarefa de salvar a humanidade, e a realiza da melhor maneira possí­vel.

A lei divina escrita, tal qual se contém nos dez mandamentos, sintetiza todo dever do homem para com Deus e para com os homens.

 

 

O Deus que fez a lei da natureza é o mesmo Deus que fez os dez mandamentos. Ambas as leis são dadas por Deus, e conquanto atue em reinos diferentes, estão igualmente em vigor e não podem ser transgredidas impunemente. A lei de Deus tal como foi escrita nas duas tábuas de pedra, bem como no coração do crente, está em harmonia com a lei Divina e não escrita.

Mas a natureza não indica em parte alguma um dia definido de descanso. Isto aparece na lei divina escrita. Os pagãos tem percepções do bem e do mal, e sua consciência os acusa e os desculpa. Este não parece ser o caso, no entanto, no tocante ao sétimo dia, ou dia de repouso, nada há na natureza que induza à alguém a observância de um dia em cada sete, e muito menos um sétimo dia definido. Isto pode exigir algum estudo.

O sábado foi instituí­do por ocasião da criação. "Foi feito por causa do homem". Marcos 2:27. Por Seu próprio exemplo de repouso, Deus santificou esse dia e o abençoou. Entre todos os dias da semana escolheu um, pondo de parte para um uso santo. Desde então foi abençoado entre os demais dias, santificado pelo próprio Deus.

A escolha de um dia particular da semana foi um determinado ato de Deus que só se pode conhecer pela revelação. A natureza não nos dá chave alguma quanto a que dia é o de repouso, ou se há algum dia de repouso. O mandamento de observar o sétimo dia é uma declaração do Deus soberano, que põe de parte um dia determinado como tempo santo. Conquanto pareça acertado que o último dia da semana da criação haja sido escolhido como dia de repouso, é concebí­vel que a quarta-feira ou qualquer outro dia pudesse cumprir igualmente o propósito, se assim o houvesse ordenado o criador. A escolha do sétimo dia repousa não sobre algum feito da natureza, mas sobre uma ordem positiva de Deus, não acompanhada de lei adicional alguma elementar ou natural. Baseia-se inteiramente num "assim diz o Senhor".

Cremos que isso tem uma razão e prosseguiremos com este estudo.

 

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