"Lembra-te do dia do sábado para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou". Êxo. 20:8-11.

Se uma pessoa que não houvesse conhecido antes os dez mandamentos se encontrasse repetidamente face a face com eles, surpreender-se-ia imediatamente com seu caráter de razoabilidade e bom senso. Ao ler o mandamento: "Não furtarás", concordaria em que é um bom mandamento. O mesmo pensaria dos demais mandamentos: "Não matarás", e "Não cometerás adultério". Observaria, sem dúvida, que a maioria das nações tem leis similares e as considera necessárias e boas. Não poderá encontrar defeito na lei de Deus.

No entanto, uma coisa poderia deixá-la perplexa. Por que se deve considerar santo o sétimo dia? Poderia ver a razão dos outros mandamentos, mas o mandamento do sábado lhe pareceria arbitrário. Do ponto de vista da saúde, cada quinto ou sexto dia, ou cada oitavo ou décimo dia, serviria igualmente bem. E como quer que seja, por que escolher o sétimo dia da semana, de preferência a somente uma sétima parte do tempo? Os outros mandamentos são razoáveis, pensaria ela, mas o mandamento do sábado é de í­ndole diversa. Não se baseia na natureza nem nas relações humanas; mas é um decreto arbitrário, sem razão suficiente para ser obedecido ou imposto.

O autor entreteve uma vez com certa pessoa uma conversação em que foram apresentados os argumentos mencionados. Era uma pessoa culta. A conversação foi encaminhada para a lei de Deus, e especialmente para o mandamento do sábado.

 

 

O argumento apresentado foi mais ou menos o seguinte:

"Aprecio a contribuição de sua igreja para a ordem e a legalidade. Numa época como esta, em que prevalecem a criminalidade e a iniqüidade, devemos esperar que as igrejas defendam rigidamente a justiça. Lamento notar que algumas igrejas não estão fazendo isso. Zombam da lei de Deus, e isto não pode senão refletir-se sobre os assuntos civis. Se se pode impunemente fazer abstração da lei de Deus, é fácil assumir atitude idêntica para com a lei civil. Alegro-me, portanto, de que estejais pregando a lei tanto como o evangelho. Ambas as coisas são necessárias.

"Há, no entanto, uma coisa em que creio estais enganados. Guardais o sétimo dia, e credes que Deus o requeira de vós. Conquanto eu honre vossa crença e vos julgue sinceros, penso que estais enganados. Dediquei estudo à questão, e creio que a vontade e o propósito de Deus se podem cumprir tão bem guardando o primeiro dia da semana como o último; e ser-vos-ia muito mais fácil, além de que vossa influencia aumentaria. Se bem que pessoalmente eu creia não ter importância que se observe um dia ou outro, ou nenhum dia, honro os que dedicam um dia a Deus. Mas creio que estais enganados em crer que deveis observar o sétimo dia. Deus não requer isso de vós. O mais que Ele poderia esperar seria que guardásseis um dia de cada sete.

"O mandamento do sábado é diferente dos outros. Distingue-se pela circunstancia de não se basear na natureza do homem, como os outros mandamentos. Se um grupo de homens que nuca houvesse ouvido falar dos dez mandamentos tivesse de viver junto, não tardaria em elaborar uma serie de leis para seu próprio governo. As nações pagãs e as tribos selvagens têm regras contra o roubo, o assassí­nio e o adultério. Creio que esses povos primitivos elaboraram, depois de algum tempo, um código de leis em conformidade com o Decálogo; mas não posso ver como produziriam jamais uma lei do sábado. Não há na natureza coisa alguma que os guiasse numa empresa tal. Isto prova, creio eu, meu argumento de que a lei do sábado não se alicerça na lei natural, não se fundamenta na natureza do homem, como os outros mandamentos, e os homens mantêm para com esse mandamento uma relação diversa da que têm com os demais.

 

Considero que os outros mandamentos estão em vigor, mas não o do sábado".

A isto respondemos mais ou menos como segue:

"Sem admitir a verdade de todos os argumentos, admitamos que o mandamento do sábado repousa sobre uma base diferente da do resto dos mandamentos, e que o homem, sem a ajuda da revelação, não poderia nunca chegar a crer no repouso do sétimo dia.

"Que o mandamento do sábado ocupe um lugar único na lei de Deus é, cremos, reconhecido pela maior parte dos que têm estudado a questão. é o único mandamento que trata do tempo. Tem a particularidade de declarar certas coisas corretas, se feitas num tempo taxativo, e más as mesmas coisas, se feitas noutro tempo. Cria o bem e o mal por definição, sem razão perceptí­vel baseada na natureza. Nisto difere dos outros mandamentos.

"Foi este mandamento que Deus escolheu nos tempos antigos para que servisse de mandamento de prova. Antes que a lei fosse proclamada publicamente no Sinai ââ‚"toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto; e os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto í s panelas de carne, quando comí­amos pão até fartar! Por que nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão". Êxo. 16:2 e 3. A situação era crí­tica. Era preciso agir. ââ‚"Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá cada dia a porção para cada dia, para que Eu veja se anda em Minha lei ou não". Vers. 4.

"O recolher e preparar o pão que Deus enviara do céu constituí­a para Israel uma prova, ââ‚"para que Eu veja se anda em Minha lei ou não". Cada dia, deviam recolher maná suficiente para as necessidades do dia, mas no sexto dia deveriam recolher quantidade dobrada, a fim de lhes sobrar para o sábado. Se bem que de costume o maná não se conservava mais que um dia, no sexto dia o Deus o preservava milagrosamente de corrupção. Assim é que ââ‚"ao sexto dia colheram pão em dobro". Vers. 22. ââ‚"E ele disse-lhes: Isto é o que o Senhor tem dito:

 

Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar, ponde em guarda para vós até amanhã. E guardaram-no até amanhã, como Moisés tinha ordenado; e não cheirou mal, nem nele houve algum bicho. Então disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do Senhor; hoje não o achareis no campo. Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá". Vers. 23-26.

"Alguns do povo não ficaram satisfeitos, porém, ââ‚"Saí­ram para colher, mas não o acharam. Então disse o Senhor a Moisés: Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis? Vede, visto que o Senhor vos deu o sábado, por isso Ele no sexto dia vos dá pão para dois dias; cada um fique no seu lugar, que ninguém saia do seu lugar no sétimo dia. Assim repousou o povo no sétimo dia". Vers. 27-30.

"Dentre todos os mandamentos, Deus escolheu o quarto como o mandamento de prova. Ele queria ver se o povo andaria ou não em Sua lei, e disse-lhe que cada dia recolhesse maná suficiente para suas necessidades, porção dupla no sexto dia, e nada no sétimo. Essa foi a prova. Desobedecendo, não só quebrantavam o sábado, mas sim a lei toda. ââ‚"Até quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis?" perguntou Deus. Ele não perguntou: ââ‚"Por que não guardais o sábado?" A questão era mais ampla que isso. Envolvia a lei toda. A guarda do sábado era a prova. Se guardavam esse dia, eram obedientes. Se o violavam, violavam a lei toda.

"é a esta experiência e a outras, posteriores, que Ezequiel se refere quando cita a Deus dizendo, no deserto: ââ‚"também lhes dei os Meus sábados, para que servissem de sinal entre Mim e eles: para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica". Eze. 20:12. Declara-se aí­ que o sábado de Deus é sinal de santificação. No versí­culo 20, o sábado do Senhor é chamado ââ‚"sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus". No primeiro versí­culo citado, o sábado é chamado sinal de santificação; no segundo, sinal de que Deus é o Senhor nosso Deus. Em ambos é denominado um sinal.

 

"é interessante notar as circunstâncias sob as quais são feitas essas afirmações. Os anciãos de Israel vieram a indagar do Senhor, mas Ele declarou categoricamente que não queria ser por eles consultado. Ezeq. 20:3. Tantas vezes já lhes falara, não Lhe havendo eles dado ouvido! Por que Se comunicar com eles, se se recusavam a fazer o que lhes ordenava? Eram exatamente como seus pais, disse Deus. Os pais não foram obedientes, tão pouco mostravam os filhos qualquer inclinação a dar ouvido. Quando Ezequiel deseja interceder por eles, o Senhor lhe ordena que lhes diga claramente onde faltaram. ââ‚"Faze lhes saber as abominações de seus pais", diz o Senhor. Vers. 4. é o que Ezequiel passa a fazer, recordando-lhes a dificuldade que o Senhor tivera em tirar Israel do Egito para a Terra Prometida, e em levar aquele povo a observar Seus mandamentos, especialmente o quarto.

"Estavam ainda no Egito, quando Deus lhes ordenou que pusessem de parte todos os í­dolos. Não o fizeram. Contudo, Deus os tirou do Egito e os conduziu pelo deserto, onde lhes proclamou Sua lei. Nessa lei destaca Ele o sábado, dizendo-o Seu sinal de santificação e acentuando Seu desejo de que o santificassem. ââ‚"Mas a casa de Israel se rebelou;... e profanaram grandemente os Meus sábados; e Eu disse que derramaria sobre eles o Meu furor no deserto, para os consumir", Vers. 13. Deus, porém, resolve não os consumir. Por outro lado, acha que os não podia ââ‚"deixar entrar na terra que lhes tinha dado,... porque... profanaram os Meus sábados". Vers. 15 e 16.

"Deus os admoesta: ââ‚"Não andeis nos estatutos de vossos pais, nem guardeis os seus juí­zos, nem vos contamineis com os seus í­dolos. Eu sou o Senhor vosso Deus; andai nos Meus estatutos, e guardai os Meus juí­zos, e executai-os. E santificai os Meus sábados, e servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus". Vers. 18-20. Mas, ââ‚"os filhos se rebelaram;... profanaram os Meus sábados; por isso Eu disse que derramaria sobre eles o Meu furor, para cumprir contra eles a Minha ira no deserto", Vers. 21. Deus resolve espalhá-los ââ‚"entre as nações, e os derramar pelas terras; porque não executaram os Meus juí­zos, e rejeitaram os Meus estatutos, e profanaram os Meus sábados, e os seus olhos se iam após í­dolos de seus pais". Vers. 23 e 24.

 

"Duas vezes é feita a afirmação de que os filhos de Israel se ââ‚"rebelaram;... profanaram os Meus sábados". Deus por fim decide separar dentre eles ââ‚"os rebeldes, e os que prevaricaram contra Mim", impedindo-os de entrar na terra de Israel. Vers. 38. A relação entre os ââ‚"rebeldes" e os que profanam o sábado parece bastante í­ntima.

"Ninguém pode ler reverentemente este capí­tulo sem chegar à conclusão de que Deus dá muita importância ao sábado, que é uma prova, um sinal, escolhido dentre os outros mandamentos como prova de obediência. ââ‚"Para que Eu o prove", diz Deus, ââ‚"se anda na Minha lei ou não". A guarda do sábado é a prova. é o sinal de santificação. O sinal de que ââ‚"Eu sou o Senhor vosso Deus".

"Por que teria Deus escolhido exatamente o mandamento do sábado como prova, de preferência a qualquer dos demais mandamentos? Admitindo o fato de que o sábado repousa unicamente sobre um ââ‚"assim diz o Senhor", é lhe, ipso facto concedida preeminência especial. Os outros mandamentos se baseiam não só num decreto de Deus, mas também na natureza do homem, parte da lei elementar ou natural. Um mandamento é escolhido dentre os demais, para ficar como prova, como sinal, de que a pessoa que obedeça a ele, está em harmonia com a lei toda.

"é como se Deus arrazoasse assim acerca dos outros nove mandamentos: Eu lhes dei Minha lei. Escrevi-a em seu coração. Está gravada em cada fibra de seu ser. Eles sabem instintivamente o que é reto e o que não é Sua própria consciência dá testemunho da veracidade de Minha lei. Uma coisa, porém, é necessária. A lei é tão clara, é tão evidente a todos que esses mandamentos básicos são necessários à existência, à paz e à vida, que se poderia dar o caso de deixarem os homens de aceita-los como de origem divina. Haverá quem pretenda que os nove mandamentos são tão essenciais e evidentes que, mesmo desajudados da direção divino, os homens seriam por si próprios capazes de fazer uma lei comparável à Minha. Jactar-se-ão de que, através dos séculos, chegaram, pela experiência, à conclusão de que não convém roubar, mentir ou matar, e elaboraram leis apropriadas acerca dessas questões, não sendo essas leis de origem divina, mas resultado da experiência humana, e definitivamente integradas à raça.

 

Apontarão confiantemente para tribos e raças que por séculos estiveram isoladas de civilização, possuindo, entretanto, regras que cobrem muitos pontos da lei. Pretenderão ser isto uma prova de que o homem, desajudado do poder divino, é capaz de reproduzir Minha lei. Afirmarão não ser a lei de origem divina, que os homens estão apenas seguindo uma lei que sua própria experiência lhes ensina ser para bem da humanidade.

"Prossegue o Senhor: Tomarei, quanto a Minha lei, uma providência que não se baseia na lei elementar ou natural; que não tem nenhuma correspondência na natureza; que será uma ordem definida, e para a qual não serão capazes de encontrar qualquer razão além de Minha ordem. Para os outros mandamentos vêem os homens uma razão. Os mandamentos falam ao seu bom sendo. Para esse mandamento, porém nenhuma outra razão haverá senão Minha palavra. Se lhe obedeceram, obedecer-Me-ão a Mim. Rejeitando-o, a Mim Me rejeitarão. Farei esse mandamento uma prova, um sinal. Fá-lo-ei um meio de provarem se guardam ou não a Minha lei. Farei dele um sinal de que Eu sou o Senhor.

"Farei o sábado e lhes mandarei que o observem. Não existe no mundo coisa alguma para indicar um dia de repouso. Se guardarem o mandamento do sábado, será porque Eu o ordeno. Farei dele uma prova. Ele provará se andam na Minha lei ou não. O sábado será Meu sinal, Minha prova de obediência. O sétimo dia, não um dia dentre sete. Quem quer que o observe Me obedecerá. Todo que o rejeitar, rejeita não só o sábado, mas a lei toda. Mais do que isso, rejeitando o sétimo dia, rejeitam-Me a Mim. A guarda do sábado do sétimo dia é o sinal de que Me aceitam como seu Deus.

"Com o transcorrer do tempo surgirão homens que pretenderão ser religiosos, mas que na realidade confiam em seu próprio entendimento. Muitos deles rejeitarão o registro da criação divina, substituindo-o por suas próprias teorias acerca da existência das coisas. Conquanto não tivessem estado presentes no ato da criação, quando Minha palavra chamou à existência os seres, hão de pontificar presunçosamente sobre a maneira em que isso foi feito, rejeitando Meu testemunho de fato.

 

Alguns dentre eles Me rejeitarão positivamente. Outros pretenderão crer em Mim, mas em se apresentando uma desarmonia entre Minha palavra e suas conclusões, rejeitarão Minha palavra para se apegarem a suas próprias teorias. Rejeitando o relato da criação, rejeitarão naturalmente o monumento comemorativo da criação, o sábado. Não aceitarão aquilo que não se enquadre nos limites de seu raciocí­nio. Seu próprio modo de pensar é para eles a final autoridade. Dar-lhe-ei uma prova que há de mostrar se crêem em Mim ou não. Prová-los-ei, para ver se andam realmente na Minha lei ou não. Se aceitarem Meu sinal, Minha prova, Meu sábado, reconhecerão, nesse ato, uma Inteligência mais alta que a sua. Se rejeitarem Meu sábado, rejeitar-Me-ão a Mim, a Minha palavra. Minha lei. Farei do sábado a prova.

"Os homens compreenderão o desafio. Não serão capazes de lhe fugir. Verão claramente que, aceitando o sábado, terão de aceitar Minha palavra pela fé, e não por seu próprio raciocí­nio. A guarda do sábado repousa sobre a fé, unicamente. Não o podem os homens descobrir seguindo tão somente os métodos de seu raciocí­nio, à base da humana experiência ou investigação. Se aceitarem o sábado, fá-lo-ão em virtude de sua fé em Mim.

"O maligno, Meu adversário, envidará todos os esforços para destruir a fé de Meu povo. Tentará falsificar Minha obra. Advogará um dia de repouso espúrio, tornando-o mais conveniente e popular do que o dia por Mim escolhido, por ocasião da criação. E alcançará êxito com grande número de pessoas, que o hão de aceitar a ele, e não a Mim. Ele atacará Meu dia de repouso, conclamando o povo para junto de seu pavilhão. O povo terá ante si uma questão apresentada com toda a clareza. Será uma questão de Meu sábado e Minha palavra de um lado, e o sábado falsificado do Meu adversário do outro lado. Eu tenho Meu sinal. Ele tem o dele. A cada qual dos homens caberá escolher a bandeira sob a qual deseja colocar-se.

"Conhecendo o fim desde o principio, escolhi deliberadamente o sábado como prova, a fim de ver se os homens andarão em Minha lei ou não. Por isso é que o coloquei no centro da lei. Isto também explica porque preferi não o relacionar com a lei natural.

 

Destaca-se absolutamente só, repousando unicamente em Minha palavra. Fi-lo o mandamento da prova. é Meu sinal".

Não queremos afirmar que Deus fizesse todo esse raciocí­nio aí­ sugerido. Ele sabe todas as coisas. Por boas e suficientes razões deu Ele o sábado como sinal, como prova. Cremos poder distinguir algumas razões para tanto. Compete-nos colocar-nos de todo o coração do lado de Deus, nesta importante questão.

O mandamento do sábado tem relação estreita com a expiação. Com referencia à transgressão da lei era o sangue aspergido no ritual do santuário. Era quando alguém fazia "contra algum dos mandamentos do Senhor, aquilo que se não deve fazer", que ele carecia de expiação. Lev. 4:27. Constitui a transgressão do mandamento do sábado "aquilo que se não deve fazer" contra um mandamento? Números 15 contém uma lição.

O Senhor falando a Israel, diz: "Quando vierdes a errar, e não fizerdes todos estes mandamentos, que o Senhor falou a Moisés,... será pois perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel, e mais ao estrangeiro que peregrina no meio deles, porquanto por erro sobreveio a todo o povo". Num. 15:22-26.

Qualquer pecado que Israel ou o estrangeiro cometesse ignorantemente, devia ser perdoado. "Para o natural dos filhos de Israel, e para o estrangeiro que no meio deles peregrina, uma mesma lei vos será para aquele que isso fizer por erro". Vers. 29.

Se alguém pecava voluntariamente, era tratado de modo diverso. "A alma que fizer alguma coisa à mão levantada, quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injúria ao Senhor: e tal alma será extirpada do meio do seu povo, pois desprezou a palavra do Senhor, e anulou o Seu mandamento: totalmente será extirpada aquela alma, a sua iniqüidade será sobre ela". Vers. 30 e 31.

Segue uma ilustração acerca do que significa pecar "í  mão levantada" ("afeitamente", diz a Trad. Bras.): Foi encontrado um homem apanhando lenha no dia de sábado. Os dirigentes não sabiam o que fazer, de maneira que "o puseram em guarda; porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer". Vers. 34.

 

O Senhor não os deixou por muito tempo em suspensão. "Disse pois o Senhor a Moisés: Certamente morrerá o tal homem; toda a congregação com pedras o apedrejará para fora do arraial. Então toda a congregação o tirou para fora de arraial, e com pedras o apedrejaram, e morreu, como o Senhor ordenara a Moisés". Vers. 35 e 36.

Deus proclamara a Israel os Seus mandamentos. Ordenara-lhes que se lembrassem do dia do sábado. Anunciara ser este a prova por ele instituí­da, para mostrar se andariam ou não em Sua lei. Não havia desculpa. Quando saiu o homem a lenhar no sábado, não estava ele em ignorância. Era rebelde. "Desprezou a palavra do Senhor". Violou os mandamentos. Só existia para ele uma lei. Pecara "a mão levantada".

Uma coisa é pensarem os homens, apenas, em mudar o dia de sábado. Outra coisa é tocarem eles a eterna lei de Deus, que é a base de Seu trono no céu. Estes mandamentos constituem a base e razão de expiação. Um exemplar deles se mantinha na arca sagrada, no santí­ssimo do santuário terrestre. Ninguém senão o sumo-sacerdote podia entrar no santí­ssimo. A lei era o próprio alicerce do trono e governo de Deus. Quando, certa ocasião, um homem tocou a arca, foi fulminado. I Crôn. 13:9 e 10. Que não teria acontecido se tivesse posto a mão ao interior da arca, tentando mudar a escrita de Deus nas tábuas! Entretanto, os homens, impiamente, consideram isso uma possibilidade! Esquecem a santidade de Deus e da lei, a não falar na impossibilidade de mudar aquilo que foi gravado em pedra, e isso pelo próprio dedo de Deus!

Será possí­vel que a lei, que é a base da expiação e que requereu a morte do Senhor, tenha sido mudada? Se foi mudado o mandamento do sábado, foram-no também outros? Morreu Cristo por uma coisa no Velho Testamento e por outra no Novo? Exigiu Deus a pena de morte pela voluntária transgressão do mandamento do sábado um dia antes de expirar Cristo na cruz, e não no dia seguinte? Ou haveria uma zona "neutra" quanto à sentença de morte? Pode haver entre os cristãos divergências de opiniões quanto a muitas coisas. Pode, porém, havê-las quanto à necessidade de expiação? é Cristo ainda nosso Sumo-Sacerdote?

 

Em caso afirmativo, pelo que faz Ele expiação? Está ainda a lei sob o propiciatório, na arca?

Sem a lei, a expiação torna uma farsa, a encarnação de Cristo uma fábula piedosa, Sua morte um desvio da justiça, o Getsêmane uma tragédia. Se a lei " ou qualquer dos mandamentos " pode ser transgredida impunemente; se a lei foi abolida ou mudados os seus preceitos; se a lei, dada pelo próprio Deus, deixou de ser a norma no juí­zo, torna-se então desnecessária a morte de Cristo, o Pai mesmo deixa de ser a personificação da justiça e bondade, e Cristo já não pode escapar à acusação de ser cúmplice de um erro. Clamem todos os cristãos contra semelhante doutrina! Destruí­da a lei, torna-se desnecessária a expiação, dispensa-se a Cristo. Permaneçam sempre em todos os espí­ritos os fatos: Cristo por nós viveu, sofreu, morreu e ressurgiu. Tí­nhamos pecado, transgredido a lei, e estávamos sentenciados à morte. Cristo nos salvou, não por meio da abolição da lei " pois neste caso não precisaria morrer " mas sim pela morte por nós, estabelecendo assim para sempre a vigência da lei. Ele agora por nós apresenta os méritos de Seu sangue, no santuário celestial. é nosso Advogado, nossa Segurança, nosso Sumo-Sacerdote. Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Pela fé nEle somos salvos.

 

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