(apag)O Calendário Judaico

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A primeira visibilidade da lua nova marcava o início do mês19, que totalizava 29 ou 30 dias. De acordo com um antigo costume, antes que um novo mês pudesse começar, era necessário que o crescente fosse visto e o fato comunicado a um comitê de sacerdotes. Por isso, observadores oficiais colocavam-se em postos favoráveis, por ocasião do pôr-do-sol do vigésimo nono dia, e perscrutavam atentamente o céu do poente. O primeiro crescente não pode ser visto até que o crepúsculo tenha avançado bastante e, muitas vezes, ele se encontra tão próximo ao horizonte que desaparece uns poucos instantes depois de ter sido detectado por olhos treinados. Por isso, se o crescente não pudesse ser observado no entardecer do vigésimo nono dia, o mês em curso deveria prosseguir por mais um dia, perfazendo um total de 30 dias.20

Visto que 12 meses de 29 ou 30 dias representam apenas 354 ou 355 dias, cerca de 11 dias a menos que o ano solar, era necessário inserir um décimo terceiro mês a cada dois ou três anos, para que o Festival das Primícias não fosse prejudicado.

Explicando melhor. Segundo a Lei Mosaica, "no dia imediato ao Sábado", durante a celebração da Festa dos Pães Ázimos (a qual se estendia do dia 15 ao dia 21 do primeiro mês), um molho de cereais novos, recentemente colhidos, devia ser agitado pelo sacerdote diante do altar dos holocaustos. A cevada é o primeiro grão a amadurecer na Palestina, razão pela qual foi escolhida desde cedo para determinar o tempo da celebração da Festa dos Pães Ázimos21 e também do primeiro mês. O próprio nome desse mês, Abib, palavra hebraica de origem canaanita cujo significado é "espiga", atesta esse fato.22 Visto que o amadurecimento dos grãos possui uma estação definida para ocorrer, a defasagem do ano lunar em relação ao Sol poderia provocar o advento do período dos Pães Ázimos sem que houvesse cevada para ser oferecida.23

O cuidado para que isso não acontecesse e o primeiro mês não começasse em época muito precoce criava um elo entre o ciclo lunar e o ciclo solar, pois requeria a inserção de um mês adicional. Isso resultava num calendário lunissolar, em que alguns anos eram de 12 meses (354 dias) e outros, de 13 meses (383 dias).

A inserção periódica de um décimo terceiro mês revelou a existência de um ciclo natural de 19 anos, no decorrer do qual são efetuadas 7 intercalações. O gráfico a seguir representa o ciclo de 19 anos matematicamente:


Observe-se o gráfico (ver o gráfico ampliado no Apêndice Final 2). A linha horizontal correspondente ao zero representa o equinócio da primavera, perto do qual ocorre a maturação da cevada. Digamos que, num determinado ano, o dia 1º de Nisan caísse exatamente em cima do equinócio e que nós tomássemos esse ponto para o início do ciclo de 19 anos. Após um ano de 12 meses lunares, o calendário ficaria defasado em relação ao ano solar cerca de uns 11 dias. Isso significa que o dia 1º de Nisan do ano seguinte começaria uns 11 dias antes do equinócio.

Para o segundo ano do ciclo, haveria duas opções: adotando-se um ano de 12 meses, a defasagem aumentaria, ao fim do segundo ano, para uns 22 dias; já, com um ano de 13 meses, essa diferença cairia para uns 8 dias. Essa última alternativa deve ser preferida, por permitir que o início do primeiro mês do terceiro ano do ciclo esteja mais próximo do equinócio que a primeira opção.

O interessante é observar que, ao final dos 19 anos, o calendário estará novamente sincronizado com o ano solar, com uma diferença de apenas duas horas. Isso quer dizer que, em nosso exemplo, o dia 1º de Nisan só coincidirá outra vez com o equinócio da primavera depois de 19 anos.

Os meses judaicos são os seguintes: 1) Abib-Nisan; 2) Zif-Iyar; 3) Sivan; 4) Tammuz; 5) Ab; 6) Elul; 7) Ethanim-Tishri; 8) Bul(Mar)Heshvan; 9) Kislev; 10) Tebeth; 11) Shevat; 12) Adar; e 13) Adar Sheni, ou Adar Beith, ou ainda Veadar. Os mesmos nomes em caracteres hebraicos, bem como a época em que tais meses ocorrem, estão dispostos na tabela a seguir:


O Calendário Babilônico-Persa

À semelhança do Calendário Judaico, o ano babilônico era lunissolar, consistindo em 12 meses de 29 ou 30 dias cada, totalizando 354 ou 355 dias. Como o ano lunar é aproximadamente 11 dias mais curto que o ano trópico, acrescentava-se um segundo mês Ululu, o sexto mês, ou um segundo mês Addaru, o décimo segundo mês, a cada dois ou três anos. Com o décimo terceiro mês, o ano passava a ter 383 ou 384 dias.

O ciclo de 19 anos é considerado uma descoberta dos povos mesopotâmicos, que, posteriormente passou às monarquias selêucida e arsácida e, por intermédio delas, aos judeus. Por volta de 432 a.C., o astrônomo ateniense Méton organizou esse ciclo, determinando que o terceiro, o sexto, o nono, o décimo primeiro, o décimo quarto, o décimo sétimo e o décimo nono anos fossem constituídos de 13 lunações. Daí surgiu o nome de Ciclo Metônico, pelo qual é mais comumente conhecido o ciclo dos 19 anos.

Os nomes dos meses babilônicos estão dispostos na tabela a seguir:

1) Nisanu 2) Aiaru 3) Simanu 4) Duzu 5) Abu 6) Ululu

7) Tashritu 8) Arahsamnu 9) Kislimu

10) Tebetu 11) Shabatu 12) Addaru

Os Dois Sistemas de Cômputo do Ano entre os Judeus

Ao estabelecer as regras para a celebração da Páscoa, Moisés fixou o início do ano no mês em que os hebreus saíram do Egito (Êx 12:2): Abib [pronuncia-se aviv] (Nm 33:3; e Êx 13:4). Nisan é o nome de origem babilônica do mesmo mês.

Sobre a instituição do mês de Abib como o início do ano judaico, Flávio Josefo tece o seguinte comentário:

"Moisés, entretanto, apontou Nisan, que é [o mês de] Xanthicus, como o primeiro mês para as festas, porque foi nesse mês que ele trouxe os hebreus para fora do Egito; ele também calculou esse mês como o começo do ano para cada coisa relativa ao culto divino, mas para vender e comprar e outros acontecimentos ordinários ele preservou a antiga ordem." (tradução nossa)24

Ao afirmar que para "os acontecimentos ordinários" Moisés teria preservado "a antiga ordem", Josefo revela a existência de um outro sistema de cômputo do ano que não o de primavera a primavera.

Em Êxodo 23:16 e 34:22, encontramos evidências de um calendário de outono a outono. Em Êxodo 34:22, a expressão "no fim do ano" é tradução das palavras hebraicas hn*V*h^ tp^WqT== (teqûfat hashshānâ). O vocábulo hebraico hp*WqT= (teqûfâ) significa "fazer um círculo", "dar uma volta"25, de modo que o sentido literal da expressão teqûfat hashshānâ é "a volta do ano". A "Festa da Colheita" referida nesse verso é a Festa dos Tabernáculos, celebrada entre os dias 15 e 22 do sétimo mês. A associação da "volta do ano" com a Festa dos Tabernáculos, que era o grande festival do outono, revela um sistema de cômputo de outono a outono.

Para o período que vai de Salomão ao Cativeiro Babilônico, o Dr. Siegfried Horn apresenta os textos de 1 Reis 6:1, 37 e 38; 2 Reis 22:3 e 23:23; 2 Reis 24:12; além da descoberta arqueológica do Calendário Canaanita de Gezer, como evidências de um sistema de Tishri a Tishri (isto é, de outono a outono).

Para o período imediatamente pós-exílico, as evidências se resumem ao livro de Neemias e a um papiro aramaico que faz parte de uma coleção de documentos encontrados na ilha de Elefantina, no sul do Egito. Uma discussão mais ampla sobre esse assunto será feita no capítulo 5.

Atualmente, o início do ano civil judaico é em 1º de Tishri, conforme a instrução talmúdica: "O primeiro de Tishri é o dia do Ano Novo, para anos ordinários, e para anos sabáticos e jubileus." (tradução nossa)26

19 Números 28:11 e 14; 1 Samuel 20:5, 18, 19, 24, 27 e 34; e Isaías 66:23 vinculam o início do mês à lua nova. A comparação de Números 10:10 com Salmos 81:3 reforça essa conclusão. Convém notar, entretanto, que não se trata da lua nova astronômica (conjunção), pois esta, não sendo visível, não se prestava como marco facilmente identificável do princípio do mês; trata-se, antes, da lua nova eclesiástica (primeiro crescente), que se fazia visível ao pôr-do-sol do dia da conjunção ou de um dos dois dias seguintes. Filo de Alexandria (20 a.C. - 50 d.C.) afirma que "no tempo da lua nova, o Sol começa a iluminar a Lua com uma luz que é visível aos sentidos, e então ela expõe sua própria beleza aos observadores" (Philo, The Works of Philo, Complete and Unabridged, nova edição atualizada, 1ª ed. [Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 1993], 572, tradução nossa).

20 C. Mervyn Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias de Daniel, 1ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira), 272 e 273.

21 Êxodo 9:31 e 32; Rute 1:22; 2:23; e 2 Samuel 21:9 e 10 confirmam que a cevada era o primeiro grão a amadurecer no Egito e na Palestina. Essa é a razão pela qual foi escolhida para compor o feixe das primícias. Tanto Filo de Alexandria quanto Flávio Josefo se referem ao molho dos primeiros frutos da cevada (Philo, The Works of Philo, 584; e Flavius Josephus, Antiquities of the Jews, 3:10:5, em The Works of Josephus, Complete and Unabridged, 96).

22 Comparar Êxodo 13:4; 23:15; 34:18; e Deuteronômio 16:1, em que o vocábulo foi apenas transliterado na Versão Almeida Revista e Atualizada, para indicar o nome do mês, com Êxodo 9:31 e Levítico 2:14, em que a mesma palavra foi traduzida como "espiga" ou "espigas verdes". Ver Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, R. Laird Harris: organizador (São Paulo, SP: Vida Nova, 1998), 1 [vocábulo 1b].

23 Cada planta possui uma época definida para florescer e dar seu fruto, dependendo da duração do dia e da temperatura ambiente. Esses fatores, por sua vez, estão intimamente relacionados às estações do ano. "A razão" para isso "é que as plantas usam seus relógios para sentir as estações, por meio do comprimento do dia, garantindo que as flores nasçam no tempo certo do ano." ("Molecules to Make Plants Tick", New Scientist, n.º 1.967, 4 de março de 1995, 30, tradução nossa). A Bíblia se refere aos frutos como "aquilo que o Sol amadurece" (Dt 33:14), o que está em perfeita harmonia com a prática agrícola e com o testemunho da Ciência.

24 Flavius Josephus, Antiquities of the Jews, 1:3:3, em The Works of Josephus, Complete and Unabridged, 33. 25 Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, R. Laird Harris: organizador, 1.333 [vocábulo 2001].

 
   

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